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Europa reforça opção por diesel nos carros

O aumento do consumo de diesel na Europa caminha na contramão do interesse brasileiro de oferecer ao mundo uma matriz energética alternativa e renovável. Enquanto o álcool volta a entrar em cena no Brasil, na Europa, a participação dos motores a diesel está em plena ascensão. Passou de 40% há quatro anos para 62% no primeiro semestre. Como a produção de veículos brasileira está basicamente concentrada nas mãos de fabricantes europeus, a questão tem provocado polêmica porque o uso do diesel está proibido em carros de passeio no Brasil desde meados da década de 1970. O aumento da demanda pelo diesel entre consumidores e os investimentos em motores movidos com esse combustível mais modernos e silenciosos estão sendo debatidos no Paris Motor Show, o salão do automóvel realizado na capital francesa. Na França, 62% das vendas de automóveis hoje levam motores a diesel.

Diante desse quadro, principalmente as montadoras que recentemente se instalaram no Brasil defendem o diesel. Um dos maiores entusiastas é o presidente mundial do grupo PSA Peugeot Citroën, Jean-Martin Folz, que dedicou ao diesel boa parte do seu discurso de apresentação do salão à imprensa.

“O diesel é muito econômico porque faz o carro andar em torno de 20 quilômetros com um litro; é quase o dobro do rendimento da gasolina”, destaca Cees Hermanns, que já foi presidente da Peugeot no Brasil e hoje comanda as operações da montadora francesa na Bélgica.

O presidente mundial da Nissan, o brasileiro Carlos Goshn, apresentou a versão a diesel do novo Micra, compacto da marca japonesa, como uma das sensações do salão. “O Micra reforça o crescimento do diesel e esta versão estará disponível no Japão em breve.”

No Brasil, o presidente da Associação dos Engenheiros Automotivos (AEA), João Edison Parro, diz que a entidade pretende abrir a discussão do uso do diesel em carros de passeio com o novo presidente da República. “Achamos que, em função do que acontece no mundo, cabe mais um combustível no país”, destaca Parro.

A indústria também está animada com a retomada da discussão do aumento do uso do álcool. A vantagem de preço desse combustível provocou aumento de demanda. Mas a participação dos motores a álcool nos carros vendidos ainda está em torno de 3%.

Para o presidente da comissão de energia e meio ambiente da Associação dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), Henry Joseph Jr, os argumentos de defesa do álcool como alternativa à gasolina são imbatíveis. “Esse produto abrange emprego no campo, defesa do meio ambiente e é uma energia renovável que o país pode pagar em reais”, destaca.

Na Europa, o uso do diesel tem sido propagado como forma de reduzir o dióxido de carbono. Os motores com o combustível reduzem o CO2 em 35% na comparação com a gasolina. Joseph Jr lembra que a própria plantação de cana-de-açúcar para os 13 bilhões de litros de álcool consumidos em automóveis por ano no Brasil já retira do ar toda a emissão de CO2 da frota de automóveis a álcool. (Valor Econômico)

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