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No comércio com a China, o agronegócio é altamente superavitário

Cepea, 20 – Nos primeiros meses deste ano, o Brasil importou mais do que exportou para a China, revertendo o saldo comercial em favor do país asiático. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o superávit da China em relação ao Brasil foi de US$ 90 milhões no primeiro quadrimestre do ano.

Mas quando se trata de agronegócio, as trocas bilaterais ainda estão longe de uma reversão de sinal. Entre janeiro e abril, o superávit do agronegócio em relação àquele país é de US$ 906,6 milhões.

Em 2005, a China foi o terceiro mercado, em valor monetário, das exportações do agronegócio brasileiro. O que preocupa é que, naquele ano, o agronegócio brasileiro também importou da China 130% a mais em relação à média dos últimos cinco anos (incluiu 2005), principalmente produtos manufaturados.

Ao se analisar a média dos últimos cinco anos, o saldo comercial do agronegócio entre os dois países manteve-se superavitário para o Brasil. Nos últimos anos, contudo, esse saldo vem crescendo a taxas cada vez menores, influenciado pelo aumento das importações brasileiras.

“O câmbio sistematicamente subvalorizado (e praticamente fixo nos últimos anos) e custos de mão-de-obra muito baixos emprestam à China grande vantagem competitiva”, afirmam pesquisadores do Cepea.

Os produtos do agronegócio brasileiro exportados para a China são principalmente soja em grão, óleo de soja, fumo não manufaturado, celulose, madeiras serradas e couro bovino.

Já quando se analisa o que o Brasil tem importado da China nos últimos anos, encontram-se produtos de maior grau de processamento: máquinas para costurar tecidos, produtos para alimentação animal, alhos frescos, tecidos e produtos de algodão e, roupas e acessórios da indústria têxtil.

Como o agronegócio chinês é relativamente “atrofiado” – em 2005, representou apenas 13,8% do PIB do país –, espera-se que o agronegócio brasileiro tenha ainda na China grandes oportunidades de exportação de produtos primários. Mas, com a valorização cambial no Brasil em comparação com a China, prevêem-se saldos positivos cada vez menores para o Brasil.

Esta análise resulta de pesquisas contínuas da Equipe de Macroeconomia do Cepea/Esalq, responsável pela publicação do Índice de Preços de Exportação do Agronegócio (IPE-Agro/Cepea), Índice da Taxa Efetiva de Câmbio do Agronegócio Brasileiro (IC-Agro/Cepea), Índice de Atratividade das Exportações do Agronegócio (IAT-Agro/Cepea) e Índice de Volume Exportado do Agronegócio (IVE-Agro/Cepea), disponíveis em: http://www.cepea.esalq.usp.br/macro/