Mercado

Preço deve subir ao maior nível

Os contratos futuros de açúcar não- refinado (demerara) deverão subir em Nova York para níveis superiores ao seu recorde de 25 anos, em um momento em que a disparada dos preços do petróleo estimula a demanda brasileira por etanol (álcool), combustível alternativo produzido a partir da cana- de-açúcar, disseram o Barclays Plc e o ABN Amro Holding NV.

As cotações do açúcar no mercado futuro poderão alcançar até 21 centavos de dólar por libra-peso até abril, a partir dos 18,24 centavos de dólar a libra-peso do fechamento de ontem em Nova York, disse Sudakshina Unnikrishnan, analista do Barclays Capital em Londres, no último dia 7 de fevereiro. O preço do açúcar não-refinado mais do que duplicou no último período de 12 meses, num momento em que o Brasil, o maior produtor e exportador mundial de açúcar, está destinando um maior volume de cana para a fabricação do álcool. A alta dos preços do petróleo intensificou a demanda por etanol, que pode ser misturado à gasolina e reduzir, assim, o custo do combustível automotivo.

“A proporção entre o volume de cana-de-açúcar destinado à produção de açúcar e o destinado à conversão em etanol está se alterando em favor do etanol”, disse Unnikrishnan em entrevista por telefone. “As pessoas acreditaram realmente na correlação dos preços entre o açúcar, o etanol e o petróleo. Esta não é uma alta de curto prazo. O contrato de açúcar não-refinado para entrega em maio alcançou 19,65 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Commmodities de Nova York no último dia 3 de fevereiro, o preço mais alto para o contrato que está mais próximo do vencimento o mais negociado desde 6 de abril de 1981.

A demanda por etanol poderá puxar os preços do açúcar para até 40 centavos de dólar por libra-peso até 2010, disse Roland Jansen, fundador do braço de administração de ativos do banco estatal de Liechtenstein, a 9 de dezembro do ano passado. O etanol brasileiro custa cerca de US$ 25 o barril, comparativamente ao preço de US$ 50 o barril cobrado pelo etanol norte-americano, fabricado a partir do milho, disse Jansen, que instaurou a divisão de administração de recursos, de 2,5 bilhões de francos suíços (US$ 1,9 bilhão), do Liechtensteinische Landesbank.

Safra brasileira

O Brasil, o líder mundial da produção de etanol, está canalizando cerca de 52% de sua safra de cana-de-açúcar para a produção do etanol, a partir dos 48% destinados a esse fim em 2003, segundo a Organização Internacional do Açúcar (OIA), com sede em Londres. O açúcar não-refinado “ainda tem espaço para subir mais”, disse Jean-Michel Boehm, diretor do setor de commodities agrícolas do ABN Amro de Londres, em entrevista concedida ontem. Ele concordou com a projeção de preços do Barclays. “Dentro dos próximos dois meses, o produto tem potencial para quebrar a barreira dos 21 centavos.

Rajshree Paty, presidente do conselho administrativo e diretor executivo da Rajshree Sugars & Chemicals Ltd., estará entre os palestrantes que abordarão a produção de etanol na Reunião de Cúpula do Açúcar de 2006, que se realiza hoje em Mumbai, na Índia. Narendra Murkumbi, diretor executivo da Shree Renuka Sugars, proprietária da maior refinaria de açúcar da Índia e segunda maior exportadora de açúcar do país, também estará presente. O etanol responde atualmente por cerca de 22 % do total de combustíveis utilizados nos meios de transporte brasileiros, disse a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) em relatório sobre biocombustíveis divulgado a 1o. de fevereiro.

Brasil lidera produção de etanol

Nos Estados Unidos, no Canadá e na União Européia (UE), o etanol e o biodiesel representavam menos de 2 % do total dos combustíveis automotivos consumidos em transportes em 2004, disse o relatório. “O Brasil é, de longe, o produtor de etanol combustível com a melhor relação custo-benefício”, disse a OCDE, grupo, com sede em Paris, que reúne os 30 países mais ricos do mundo. “Nenhum outro grande produtor de etanol conseguiu produzir etanol a um custo inferior ao preço da gasolina, descontados os impostos”, sem algum tipo de subsídio, concluiu a OCDE. O biodiesel, que pode ser misturado ao diesel comum, é feito a partir de oleaginosas, como a canola, o girassol e o dendê, enquanto o etanol é extraído, principalmente, da cana-de-açúcar, da beterraba, do trigo ou do milho. Os automóveis modernos podem usar gasolina ou diesel misturados com cerca de 5 por cento de biocombustíveis sem necessidade de adaptar seus motores. Os automóveis brasileiros “flex-fuel rodam com qualquer combinação de etanol e gasolina. “Setenta por cento dos automóveis montados no Brasil este ano serão movidos a etanol”, disse Jim Rogers, investidor e co- fundador, em 1970, do fundo de hedge Quantum ao lado de George Soros. Rogers inaugurou a Diapason Commodities Management SA há três anos na Suíça. “Esse é um dos motivos da alta do açúcar. E o preço do produto ainda está 70% inferior à sua alta recorde “

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