Mercado

Economia de Ribeirão Preto ganha com antecipação da safra

A economia de Ribeirão Preto, no interior paulista, será beneficiada com a antecipação do início da safra de cana-de-açúcar. Neste ano, muitas das 45 fábricas de açúcar e de álcool da região começarão a moagem a partir de março próximo, um mês e meio antes do normal, conforme compromisso assumido pelos empresários do setor como alternativa para ampliar a produção e a conseqüente oferta de álcool no mercado.

Os estabelecimentos comerciais, os mercados imobiliário e financeiro e até mesmo os profissionais prestadores de serviços de Ribeirão Preto ganharão com a safra, oficialmente denominada 2003-2004. “O dinheiro decorrente do setor sucroalcooleiro circulará antes”, diz o economista José Eduardo Molina.

As 45 unidades produtoras da região envolvem um “exército” de pelo menos 50 mil funcionários e prestadores de serviços, muitos deles com a remuneração atrelada à moagem da cana-de-açúcar. Como ela começará antes, significa que parte dos trabalhadores também terá os recursos financeiros no bolso já em meados de abril.

“Trata-se de uma boa notícia para os trabalhadores”, afirma Silvio Donizetti Palvequeres, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ribeirão Preto, com 1,1 mil trabalhadores representados e funcionários principalmente das fábricas de açúcar e de álcool Galo Bravo, de Ribeirão Preto, e Moreno, de Luiz Antônio.

Segundo ele, as companhias já estão em contato com os trabalhadores que formarão as chamadas frentes de corte da matéria-prima do açúcar e do álcool. A importância econômica do setor na economia ribeirão-pretana pode ser exemplificada pela remuneração dessa categoria profissional.

Os rurais têm piso salarial de R$ 295 e recebem médios R$ 1,80 pela tonelada cortada de cana. Caso o desempenho em tonelagem supere o piso, eles recebem pela quantidade cortada. Segundo estatística do Sindicato, a maioria dos associados superou o piso e recebeu cerca de R$ 800 durante a safra do ano passado.

Se os 1,1 mil cortadores repetirem o desempenho do ciclo anterior, significa que movimentarão perto de R$ 900 mil em abril. “Esse dinheiro não existia anos atrás”, observa o sindicalista.

Ao exemplo dos trabalhadores rurais deve-se somar outras categorias profissionais de prestadores. São técnicos de informática, representantes de empresas de suprimentos agrícolas, de seguradoras, de manutenção ou mesmo de alimentação. Eles iniciam seu trabalho semanas antes da moagem e recorrem a Ribeirão Preto para adquirir insumos.

“Tudo vai bem quando o setor sucroalcooleiro vai bem”, comenta a psicóloga Ana Vieira. Ela trabalha com escritórios despachantes de Sertãozinho e de Barrinha, na área de psicotécnicos, serviços necessários durante a retirada de Carteira Nacional de Habilitação. Neste ano, por conta da safra iniciar antes, ela também já começou a receber os primeiros clientes.

Com a moagem antecipada, metalúrgicas e demais empresas fornecedoras de serviços técnicos – a maioria localizada em Sertãozinho – correm contra o tempo para concluir as encomendas. “Normalmente entregamos em meados de maio mas, neste ano, o setor terá de terminar tudo em março”, comenta Mário Garrefa, presidente do Centro das Indústrias de Sertãozinho (Ceise).

Boa parte dos recursos financeiros gerados pelo setor sucroalcooleiro escoa entre os três shopping-centers de Ribeirão Preto e nos restaurantes e locais de entretenimento da cidade. “Os negócios imobiliários também ficam mais aquecidos”, observa Antônio Carlos Maçonetto, empresário do setor. Os profissionais da área médica também se beneficiam da situação. “A movimentação de consultas particulares já ficou aquecida”, revela a fisioterapeuta Maira Valle.

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