Mercado

Setor tem sua guerra da independência

As usinas e destilarias denominadas independentes da região Centro/Sul têm sido apontadas como grandes responsáveis pela queda dos preços do açúcar e álcool nos mercados. Afinal, até que ponto e por quê essas unidades produtoras têm responsabilidade na queda dos preços, especialmente do álcool? Quem são, quantas são, qual seu poder de fogo, como atuam e se relacionam esses chamados independentes?

Das pouco mais de 220 usinas e destilarias da região Centro/Sul, exatas 84 são consideradas independentes. Isto é, embora algumas delas pertençam a associações de produtores, negociam suas produções sem articulações com as estratégias setoriais.

As associações reclamam dessa independência comercial. Para a Unica – União da Agroindústria Canavieira de São Paulo, os independentes respondem por quase 20% de toda a produção da agroindústria sucroalcooleira.

Outras associações têm opinião semelhante: “Os independentes não têm compromisso setorial, trabalham com vínculos relacionados somente com os próprios interesses e, mesmo sendo minoria, sempre provocam estragos na comercialização da safra como um todo”, desabafa o vice-presidente da Alcopar – Associação dos Produtores de Açúcar e Álcool do Paraná, Paulo Adalberto Zanetti.

Na Udop – União das Usinas e Destilarias do Oeste Paulista, o presidente da entidade, Luiz Guilherme Zancaner, não se intimida e fala claramente: “Essas unidades independentes e sem compromisso setorial comercializam o álcool em seis meses, fazem qualquer negócio para garantir fluxo de caixa e são responsáveis pelo momento de preços defasados e remuneração que, mantida nos atuais baixos patamares, prenuncia uma crise para o setor”.

Os produtores respondem que não têm outra alternativa, sob pena de serem obrigados a fechar as portas. Alegam que são obrigados a agir independentemente por motivos logísticos e, principalmente, de fluxo de caixa. Alguns independentes explicam que são obrigados a uma dura rotina, a de vender de manhã para comer à tarde, e enfrentam a investida dos grandes grupos interessados em ainda maior expansão, que não escondem a ambição de instalar novas unidades ou comprar outras, preferencialmente pequenas e independentes.

Confira matéria especial completa na edição de março do JornalCana.