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R$ 8,5 bilhões em perdas ao Estado

O projeto de lei que cria o zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar, para impedir a expansão do plantio nas áreas do bioma do Pantanal e da Amazônia, poderá brecar investimentos da ordem de R$ 8,5 bilhões e reprimir a geração de pelo menos 20 mil empregos diretos em Mato Grosso, nos próximos anos. O projeto de lei será apresentado oficialmente hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Caso seja encaminhado na forma como foi proposto, quatro grandes investimentos – localizados nas regiões, norte, médio norte e Araguaia – poderão ser suspensos. De acordo com o governo federal, o zoneamento só vale para as futuras áreas de expansão do plantio. As áreas já consolidadas na região do bioma da Amazônia e do Pantanal não serão bloqueadas.

No total, serão 694 milhões de hectares com restrições ambientais, o que corresponde a 81,5% do território nacional. Também ficará vedado o desmatamento de vegetação nativa e de unidades de conservação e terras indígenas para o plantio.

A proposta de zoneamento elaborada pelo Ministério da Agricultura, em parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), estima que, no Brasil, existam 7,8 milhões de hectares aptos ao cultivo de cana. A expansão da área cultivada prevista até 2017 é de 6,7 milhões de hectares. Junto com o zoneamento, o governo federal deve proibir a prática de queimar a lavoura antes da colheita da cana.

PROJETOS – Os projetos de Mato Grosso que poderão ser diretamente afetados pelo novo zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar a ser anunciado pelo governo federal estão localizados nos municípios de Tangará da Serra, Denise e região do Araguaia. O maior projeto é o da Cruster (região do Araguaia), que tem planos de investir R$ 7 bilhões e gerar 14 mil empregos diretos em sua planta de esmagamento de cana e co-geração de energia.

Os outros três projetos estão localizados no médio norte do Estado, sendo dois em Tangará da Serra (242 Km de Cuiabá), da indústria Fia Terra, e um em Denise (211 Km da Capital), da Companhia Verde Norte. Juntas, as duas plantas da Fia Terra têm metas de esmagar 2,5 milhões de toneladas de cana por ano. A Companhia Verde Norte, sozinha, está sendo projetada com capacidade para esmagar até três milhões de toneladas/ano.

O total dos investimentos nas três usinas é de R$ 1,5 bilhão, sendo R$ 500 milhões em cada planta. Na região já existe uma área de cultivo de 60 mil hectares em pleno andamento. “Se levássemos em conta os investimentos em lavoura, o total investido na região seria bem maior”, avalia o superintendente do Sindicato das Indústrias sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindálcool), Jorge dos Santos. As três usinas, após concluídas e em funcionamento, poderão gerar seis mil empregos diretos, com uma produção estimada de 600 milhões de litros de etanol.

“Com o projeto do zoneamento, todos colocaram o pé no freio e aguardam uma definição do governo”, afirma Santos. Ele diz que a proposta do novo zoneamento causou pânico junto aos investidores. “Estamos há 30 anos na área do Pantanal e até agora não vimos sequer uma reclamação contra as usinas”.

Segundo ele, 70% da cana-de-açúcar produzida em Mato Grosso se concentra na região das Bacias do Alto Paraguai e Pantanal, onde estão instaladas as usinas Itamarati (Nova Olímpia), Barrálcool (Barra do Bugres), Libra (São José do Rio Claro), Cooprodia (Diamantino) e Alcoopan (Poconé).

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