Mercado

Alta do açúcar afeta produção de etanol

O cenário para a produção de etanol no Brasil se tornou menos otimista, aponta a Agência Internacional de Energia (AIE), em seu relatório mensal divulgado ontem. O motivo é a disparada do preço do açúcar no mercado internacional. A redução nos estoques mundiais está fazendo a cotação do açúcar bater recordes – na segunda-feira, o contrato para outubro atingiu 22 centavos de dólar por libra-peso na Ice Futures, o valor mais alto em 28 anos.

A situação é causada pela seca na Índia e o excesso de chuvas no Brasil, segundo a AIE. A entidade lembra que os preços mais elevados incentivam a produção do açúcar em detrimento do etanol. Dessa forma, decidiu revisar para baixo as projeções para a atividade produtiva no mercado brasileiro no segundo semestre de 2009.

A estimativa da AIE para a produção de etanol no Brasil foi reduzida entre 5 mil e 10 mil barris por dia no período de junho a dezembro. O ajuste não foi maior, explica, porque o início da operação de novas usinas em julho traz alguma compensação.

A agência diz que ainda há riscos para a produção, em razão da combinação de clima, do preço do açúcar e do impacto negativo da crise de crédito sobre as operações. A avaliação sobre o Brasil contrasta com as perspectivas mais recentes para o etanol em outras regiões. A AIE acaba de elevar a estimativa de produção global do produto em 20 mil barris por dia em 2009, devido ao desempenho melhor do que o esperado nos Estados Unidos e na Europa. Para 2010, a projeção foi ampliada em 15 mil barris por dia. Os preços do milho estão recuando desde meados de junho, o que favorece o cenário norte-americano.

Como resultado, as margens do etanol dos Estados Unidos atingiram a máxima do ano e a produção deve continuar subindo no terceiro trimestre, diz a AIE. Em maio, os EUA produziram 670 mil barris por dia, acima dos 640 mil bpd registrados em abril. Na Europa, as margens e as taxas de capacidade continuam fracas. No entanto, os números de produção de etanol e biodiesel vieram mais fortes do que o esperado no segundo trimestre. Isso levou a agência a elevar a projeção de oferta para o continente em 15 mil barris por dia em 2009.