Mercado

EUA e Brasil vão discutir padrão para o etanol

Leonardo Goy, BRASÍLIA

O embaixador do Brasil nos EUA, Antonio Patriota, disse ontem que o debate com os Estados Unidos e com outros países para se estabelecer uma padronização global para o etanol “avançará neste ano”.

A padronização do álcool combustível é um importante passo para que o produto passe a ter status de commodity no mercado mundial, a exemplo de produtos como soja e minério de ferro, que são negociados em bolsas de mercadorias. A padronização consiste em estabelecer critérios técnicos de pureza e qualidade para o comércio internacional do combustível.

Após participar de reunião com o subsecretário americano para Assuntos Políticos, Nicholas Burns, e com o chanceler brasileiro, Celso Amorim, o embaixador adiantou que, até o fim do mês, haverá um encontro entre representantes de Brasil, Índia, China, Estados Unidos, União Européia e África do Sul para discutir o tema.

Burns saiu da reunião no Itamaraty afirmando que espera progressos nos acordos com o Brasil na área de biocombustíveis. Sem dar mais detalhes, ele admitiu que o etanol foi um dos assuntos em pauta na reunião com o chanceler brasileiro.

Amorim classificou como “muito positiva” a disposição dos americanos de se juntar ao Brasil para tentar criar um mercado global para o etanol. “Seria bom para os Estados Unidos facilitar ao máximo o comércio de etanol.”

Além das discussões sobre a padronização mundial do combustível, Brasil e EUA podem também vir a ser parceiros em projetos de fomento à produção do combustível em outros países, principalmente na América Central.

Segundo o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que também esteve com Burns, a idéia foi lançada em reunião entre o americano e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e consiste em escolher um país da América Central para pôr em prática um projeto-piloto de produção de etanol. “Vários países da região são importadores de petróleo e têm condições de produzir o etanol, com tecnologia brasileira e americana”, disse Furlan.

Para o ministro, a iniciativa seria positiva tanto para o Brasil quanto para os EUA, porque fomentaria novos mercados consumidores de álcool. Segundo Furlan, a instalação dessa unidade de produção em um país da América Central poderia ser feita, por exemplo, com a participação de empresas brasileiras em parceria com empresas locais.

O ministro defendeu as negociações com os americanos em torno do estabelecimento de um padrão para o etanol, que, segundo ele, já está sendo discutido entre órgãos técnicos do Brasil e dos EUA.

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