Reuters/Brasil Online
Por Angus MacSwan
SÃO PAULO (Reuters) – Os Estados Unidos querem ampliar a cooperação com o Brasil na produção e busca por novos mercados para os biocombustíveis, como forma de reduzir a dependência norte-americana do petróleo importado -além de reduzir a influência de países produtores de petróleo aos quais Washington é hostil-, disse um importante diplomata dos EUA na terça-feira.
Nicholas Burns, subsecretário de Estado dos EUA para Assuntos Políticos, está em visita ao Brasil para discutir um acordo para a cooperação na área de biocombustível, o que é apresentado como uma iniciativa estratégica dos Estados Unidos na América Latina. Um acordo deve ser assinado num futuro próximo, afirmou.
Os Estados Unidos são o maior produtor mundial de etanol produzido do milho, enquanto o Brasil é o maior produtor de álcool combustível feito de cana. Juntos eles detêm mais de 70 por cento do mercado mundial.
“A questão dos biocombustíveis é enormemente promissora para a relação EUA-Brasil”, disse Burns, para quem o país é o principal aliado de Washington na América Latina.
Mas os EUA também querem transformar outros países da região em produtores de etanol, a fim de “fugir desse vício em petróleo de que meu país e outros países infelizmente sofrem”, segundo Burns.
“A outra razão para queremos isso é porque a energia tendeu a distorcer o poder de alguns dos Estados que achamos negativos -Venezuela, Irã-, então quanto mais diversificarmos nossas fontes energéticas e dependermos menos do petróleo, melhor estaremos.”
Embora a Venezuela continue sendo um importante fornecedor de petróleo para os EUA, seu presidente, Hugo Chávez, é a maior dor-de-cabeça para o governo Bush na América Latina, devido ao seu discurso antiamericano -sentimento que cresceu nos últimos anos na região.
Burns se reuniu na terça-feira com empresários paulistas e na quarta-feira encontra várias autoridades em Brasília. Ele não deu detalhes sobre o possível acordo. “O que isso significa é que realmente estamos defendendo a cooperação entre nossos setores privados”, disse.
Questionado sobre os elevados impostos que impedem a exportação do álcool brasileiro para os EUA, Burns disse que essa é uma questão que cabe ao Congresso do seu país.
“Sei que há algum descontentamento no Brasil a respeito disso, mas nenhum (dos especialistas brasileiros) disse que isso impediria o tipo de grande salto estratégico adiante que ambas as sociedades devem querer fazer com os biocombustíveis.”
Viajam com Burns o assessor do Departamento de Estado para energia, Greg Manuel, e o secretário-assistente para a América Latina, Thomas Shannon. Na quinta-feira, eles rumam para a Argentina.
http://oglobo.globo.com/economia/mat/2007/02/06/294474507.asp