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CSN perde Corus e os investidores gostam

Daniele Camba

Depois de três meses de muita disputa, acabou na noite de terça-feira a novela da venda da siderúrgica anglo-holandesa Corus. Por uma diferença muito pequena, a indiana Tata Steel superou a brasileira Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e levou a Corus. Mas se engana quem acha que as ações da brasileira perdedora caíram ontem, refletindo o gosto amargo da derrota. Muitíssimo pelo contrário. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da CSN subiram 6,04%, perdendo dentro do Ibovespa apenas para as ONs da sucroalcooleira Cosan, que se valorizaram 10%. Já o Ibovespa subiu 1,36%, fechando em 44.641 pontos, garantindo alta de 0,38% no mês.

Por incrível que pareça, a valorização dos papéis da CSN faz todo o sentido. A companhia deixou de comprar um ativo que ficou caro demais, especialmente para a CSN, que teria de se endividar muito. Os investidores, que passaram os últimos meses apenas aguardando o desfecho, respiraram aliviados e voltaram a colocar as ações em suas carteiras. Desde que a CSN anunciou que iria entrar na disputa pela Corus, seus papéis não andaram mais. Portanto, há um bom atraso para recuperar. Só nesta semana, eles já subiram 10,24%.

A questão agora é saber se as ações vão apenas corrigir o que não subiram ou terão um longo caminho de alta pela frente. A resposta não é tão simples e até os analistas estão divididos. Todos concordam que a companhia precisa crescer, especialmente no exterior. O ponto de discórdia é sobre como isso vai se dar.

Uma opção são aquisições menores, demorando mais para atingir um tamanho bom. Outra é tornar-se um conglomerado, com mineração, siderurgia, cimento e logística. Ou até passar a ser a noiva no altar e ser adquirida. “São muitas alternativas e pouca clareza, por enquanto, por isso o melhor é não ter o papel”, diz o chefe de análise da Link Corretora, Adriano Blanaru. Já o analista da Brascan Corretora, Rodrigo Ferraz, tem outra visão. A empresa volta a refletir seus fundamentos, que são bons. E ainda por cima, com essa disputa pela Corus, ganhou visibilidade internacional, podendo ser comprada por um preço alto, explica Ferraz. Ele recomenda a compra dos papéis.

Doce futuro para as ações da Cosan

As ações da Cosan – a maior sucroalcooleira do país e única representante do setor na Bovespa – subiram como foguete com o anúncio de que quer comprar a segunda do ranking, a Companhia Açucareira Vale do Rosário. Para o analista do Banif Investment Banking, Luiz Caetano, o negócio é positivo. Com ele, a capacidade de moagem de cana da Cosan no total do mercado brasileiro sobe de 9,4% para 10,6%, contribuindo para o projeto da companhia de ser a grande consolidadora de um setor tão fragmentado. Caetano recomenda compra das ações da Cosan. Em dia de estréia, as ações da construtora Camargo Corrêa caíram ontem 2,13% e as da Rodobens subiram 16,66%.

Daniele Camba é repórter de Investimentos

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