Mercado

Os recordes das montadoras

Os números da indústria automobilística relativos a janeiro devem ter surpreendido os que esperavam um desempenho fraco do setor neste início do ano. Ao contrário, o mês foi de recordes. Nunca a indústria automobilística exportou tanto nem produziu tanto num primeiro mês do ano. No que se refere a vendas, também foi o melhor janeiro desde 1997.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, atribui à tranqüilidade do cenário econômico o bom desempenho das montadoras neste início de ano no que se refere a produção, vendas e exportações. Fatores como juro em queda (embora ainda alto), inflação controlada, saldos elevados na balança comercial e melhora notável da avaliação dos investidores estrangeiros a respeito da economia brasileira deram mais segurança ao consumidor.

Também os sinais de que a atividade econômica se recuperou, depois da retração observada no terceiro trimestre do ano passado, estimularam as compras de bens de maior valor. Dados do IBGE mostram forte crescimento de bens duráveis no fim de 2005. Os da Anfavea sugerem que também em janeiro isso pode ter ocorrido. As vendas de veículos no mercado interno, por exemplo, totalizaram 132,9 mil unidades, 25% mais do que em janeiro de 2005 (106,6 mil veículos) e inferior apenas a janeiro de 1997 (134,8 mil unidades vendidas).

Curiosamente, a indústria automobilística não sofre os efeitos de dois fenômenos recentes: a alta do preço do álcool e a queda do dólar. Continua firme a tendência de aumento da participação dos veículos bicombustíveis (flex) no total vendido no País. Esses veículos responderam por 72,8% das vendas em janeiro, ante 68,6% em dezembro.

Pelo menos até agora a desvalorização do dólar não afetou as exportações das montadoras. No mês passado foram vendidas para o exterior 57,9 mil unidades, 14,6% a mais do que em janeiro do ano passado.

Mas Golfarb adverte que as exportações perdem fôlego. As vendas de janeiro, diz ele, foram resultado de negociações realizadas ao longo do ano passado. Por isso, apesar do recorde de exportações em janeiro, a Anfavea projeta, para 2006, crescimento de apenas 2,7% nas vendas externas.

Também conservadora é a projeção para o crescimento da produção neste ano: de 4,5%, um número baixo se comparado com o resultado do ano passado, quando a produção cresceu 9,1% em relação à de 2004. Mesmo assim, se for confirmada essa projeção, a indústria automobilística estabelecerá novo recorde de produção, com um total de 2,64 milhões de unidades.