Mercado

Usineiros confirmam empenho em suprir a demanda interna

Com a cotação do açúcar alcançando o maior nível dos últimos 25 anos no mercado internacional, crescem as incertezas sobre o destino da safra brasileira de cana-de-açúcar. Ao mesmo tempo em que a produção de açúcar para exportação pode garantir alta lucratividade, as demandas interna e externa por álcool estão em crescimento.

Diante dessa realidade, representantes das usinas vão se reunir amanhã para estudar estratégias para atender às crescentes demandas dos produtos. Segundo Fernando Perri, diretor da Usinas e Destilarias do Oeste Paulista (Udop), o encontro servirá como preparação para a reunião do Fórum dos Líderes, que congrega os principais produtores do país, no dia 15.

Perri, que é diretor comercial do Grupo J. Pessoa, garante que vai levar à reunião de amanhã uma proposta da empresa de não alterar as estratégias para aproveitar a explosão dos preços internacionais do açúcar.

Abastecimento de álcool

Segundo entidades representativas do setor sucroalcooleiro da região Centro-Sul, não deve haver preocupação com desabastecimento de álcool combustível no País. “O setor tem maturidade para continuar fornecendo álcool para o mercado interno, ainda que com remuneração menor do que nas exportações de açúcar”, diz Perri, que não descarta a ação compensatória do governo para incentivar a produção alcooleira em detrimento do açúcar.

Já para o superintendente da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar), Adriano Dias, a ação do governo deve se restringir à regulação dos preços. “O governo só deveria administrar os estoques de álcool para diminuir a volatilidade dos preços ao longo do ano”, defende. Dias afirma que, no Paraná, a prioridade das usinas também será o fornecimento interno de álcool. “O maior patrimônio do produtor é o mercado, não se pode abrir mão dele”, justifica.

De acordo com levantamento da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), 19 novas usinas entrarão em operação na moagem da safra 2006/07 no Centro-Sul. A entidade afirma que o foco dessas novas instalações é na produção de álcool, o que deve aumentar a oferta, porém não há previsões de crescimento na capacidade de produção do combustível.

Preços internacionais

Na avaliação de Perri, o fato dos produtores brasileiros priorizarem o mercado interno não deverá elevar as cotações de açúcar por muito tempo. “A tendência é que os preços subam até um patamar em que limitem a demanda”, explica.