Em linha com os demais indicadores de janeiro, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) inicia o ano em aceleração. Segundo divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o indicador avançou 0,92% em janeiro, depois da deflação de 0,01% registrada em dezembro. Esta é a maior taxa mensal desde agosto de 2004.
Dois dos três componentes do IGP-M apresentaram aceleração em suas taxas. O Índice de Preços no Atacado (IPA) cresceu 1,10% em janeiro, ante queda de 0,27% em dezembro. O IPA industrial elevou-se em 0,79%, contra queda de 0,45% no mês anterior. O IPA agrícola subiu 2,09% ante 0,30% em dezembro. As principais altas individuais no atacado vieram de soja, óleos combustíveis, álcool etílico hidratado, café e cana-de-açúcar. Os preços do subgrupo combustíveis e lubrificantes para produção tiveram alta de 2,09% neste mês, após caírem 4,58% em dezembro.
Por sua vez, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve sua taxa de variação aumentada de 0,52%, em dezembro, para 0,70% em janeiro. Educação, leitura e recreação e transportes foram as classes de despesa que mais contribuíram para a aceleração do IPC em relação a dezembro. A primeira classe de despesa apresentou variação de 2,41%, ante 0,57% no mês anterior. Esta aceleração foi influenciada pela alta do subgrupo educação (de 0,18% para 2,75%), com destaque para o item cursos formais (0,00% para 3,43%), que reflete o reajuste de mensalidades escolares. A segunda classe acelerou-se de 0,50% para 1,20%, em função do avanço da taxa dos itens álcool combustível, de 1,92% para 8,85%, e gasolina, de -0,06% para 1,39%.
Já o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) foi o único que apresentou desaceleração: recuou de 0,38%, em dezembro, para 0,24%.
“A subida de agora é ocasional e momentânea. Há razões para que não se repita em fevereiro. Pode-se esperar algo bem menor em fevereiro”, disse à Agência Reuters o economista Salomão Quadros, da FGV. “O índice de fevereiro tende ser menor porque pelo IPC as mensalidades escolares devem praticamente desaparecer no mês que vem e não acredito que o álcool vai continuar em disparada”.