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Google estuda investir no Brasil

Em sua primeira visita ao País, os fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, vestiam ontem, em São Paulo, camisetas verde e amarelas, imitando o uniforme da seleção brasileira, mas com o nome da empresa na parte da frente. “Existe um potencial muito grande aqui”, afirmou Larry Page, o que menos fala da dupla. “Estamos muito animados com o investimento.” Depois de comprar a mineira Akwan no ano passado, o Google estuda novas oportunidades de aquisições no País.

Porém não foram os negócios que trouxeram os executivos ao Brasil. Pelo menos foi isso que eles disseram. Page e Brin chegaram no domingo e, ontem pela manhã, visitaram a Cosan, produtora de açúcar e álcool.

Os fundadores do Google ficaram entusiasmados com o que o Brasil conseguiu até agora na área de energia sustentável, com o uso de automóveis flex fuel. Um dos objetivos da viagem foi conhecer a operação local, criada em 2005. “Era para ficarmos pouco, mas estamos vendo se estendemos a viagem”, disse Brin.

Atualmente, muita gente tem medo do Google. Eles disseram que ficam surpresos quando sai este tipo de reportagem. “Somos uma empresa que gosta de fechar parcerias”, afirmou Brin. “Trabalhamos com parceiros pequenos e grandes. Até com competidores, como Ask Jeeves. Por muito tempo, fornecemos busca para o Yahoo.” A principal fonte de receita do Google são os anúncios.

Jakob Nielsen, guru da usabilidade na internet, acusou recentemente, em sua newsletter Alertbox, os serviços de busca de serem “sanguessugas da internet”, ganhando receita publicitária com o conteúdo dos outros. O Google é apontado algumas vezes como ameaça ao setor de jornais e revistas.

Esta não é a visão de Brin. “Acho que revistas e jornais, especialmente os que criam conteúdo original, irão muito bem no futuro”, afirmou o executivo. “Mais pessoas conseguirão encontrá-los e acessar seu conteúdo. No mundo da internet, muita gente prefere a fonte original, no lugar de uma cópia.” Larry Page acrescentou: “Estamos trabalhando para colocar mais informação online, como os arquivos históricos de alguns jornais e de revistas também”. Os fundadores do Google compararam o Brasil favoravelmente a outros países emergentes, como a Índia e a China. “O Brasil não tem os problemas de outras economias”, disse Brin. “Não precisamos nos preocupar com um regulamento ou outro para crescer.” Ele rebateu críticas que o Google recebeu recentemente por limitar as páginas buscadas pelo serviço na China. “A China é muito complicada. Por muitos anos, soube que precisava operar naquele país. Nasci em Moscou em 1973 e me lembro como era. Controle do governo não é uma coisa de que eu goste. A China é um mercado de rápido crescimento, mas não é somente por isso que estamos lá. Conversamos com grupos de direitos humanos e chegamos à conclusão de que seria melhor participar, para que as pessoas tenham mais informação e mais comunicação e, eventualmente, as barreiras possam cair.” Page e Brin não souberam explicar o motivo do sucesso no Brasil do Orkut, seu site de relacionamento. “O que vocês acham?”, devolveu a pergunta Brin, ao ser questionado. Ele destacou que muitos dos novos serviços do Google nascem dos 20% de tempo que os funcionários dedicam na empresa a projetos pessoais. “Com o Orkut foi assim.” Segundo os executivos, a geração de receitas é apenas um dos motivos para a empresa lançar novos serviços. Quando o Google foi lançado, ficou mais de um ano sem gerar receita. “Não se deve ter pressa em relação à receita”, afirmou Brin.