Mercado

Concentração eleva preço do etanol.

São Paulo, Apenas três usinas detêm estoques para abastecer o mercado interno por 60 dias. Borges calcula que a capacidade física das usinas para formar estoques é de 180 dias.

Nem todas as empresas puderam preservar os estoques para vender açúcar e etanol a preços mais favoráveis na entressafra. A maioria das usinas foi obrigada a fechar contratos no mercado futuro de açúcar para fazer frente às necessidades de caixa, avisam alguns usineiros. Com isso, as empresas deixaram de desfrutar as sucessivas altas de preços. As entregas foram feitas por valores defasados. Boa parte do setor deverá recuperar sua capacidade financeira a partir da próxima safra, que se inicia em abril na maioria das usinas, apesar do ano-safra oficial começar em maio.

Os preços se mantêm firmes e essa situação não se deverá alterar por causa da decisão da União Européia (UE) de cumprir as determinações da Organização Mundial do Comércio (OMC) e reduzir os preços pagos aos produtores pelo açúcar e cortar fortemente os subsídios às exportações do produto refinado pelos países membros da UE. A saída parcial da UE do comércio internacional de açúcar abrirá um novo espaço para o açúcar brasileiro e das demais nações produtoras.

A sustentação dos preços do álcool combustível também proporciona segurança aos usineiros. A explosão das vendas dos veículos bicombustíveis no mercado doméstico, a alta dos preços do petróleo e a constante preocupação em relação às questões do meio-ambiente garante a forte pressão da demanda pelo combustível. As usinas se preparam para ampliar a produção para atender essa demanda. Os investimentos até 2013 deverão chegar a R$ 30 bilhões, mas até lá a demanda deverá estar sempre acima da oferta.

Há três meses, em pleno andamento da safra, o litro do álcool combustível era negociado abaixo de R$ 0,75. No início desta semana, havia distribuidoras no Mato Grosso do Sul dispostas a pagar R$ 1,19 o litro do produto, informou um usineiro que prefere não ser identificado. Ele explica que há ainda algum estoque remanescente de álcool em poder das usinas de menor porte. Dificilmente, os negócios a preços mais favoráveis compensarão as vendas a preços defasados.

A capacidade de barganha das empresas que puderam estocar álcool tem, porém, sérias limitações. Com o preço do combustível na bomba se aproximando de 70% do valor da gasolina, deixa de ser vantajoso encher o tanque com álcool, demonstra pesquisa feita pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Isso já é realidade em alguns estados, como o Rio de Janeiro.

A barganha com o preço do etanol também está limitado pela vigilância das autoridades reguladoras do mercado de combustíveis. Se a alta do álcool comprometer a credibilidade do mercado e a renda do consumidor, o governo conta com um instrumento poderoso, lembra também um usineiro. Basta de uma penada reduzir o percentual de álcool à gasolina em apenas uns pontos percentuais.