Mercado

Preço do álcool ultrapassa limite imposto pelo governo

O preço do álcool atingiu o maior valor dos últimos dois anos e ultrapassou o limite negociado entre governo e usineiros em 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou os produtores para forçar a redução. Na ocasião, os usineiros se comprometeram a manter um teto de R$ 1, sem impostos e frete, para o preço do álcool anidro, que é misturado na gasolina. Na última semana, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o produto estava cotado a R$ 1,08, em média. No caso do hidratado, o limite negociado, de R$ 0,90 por litro, também já foi superado – a cotação chegou a R$ 0,96.

Quando o governo interferiu nos preços, o mercado de álcool estava aquecido e as usinas temiam problemas de estoques por causa da alta demanda. Em fevereiro de 2003, o litro do anidro saía das usinas, sem impostos, a R$ 1,22 (valor corrigido pelo IPCA). Em reunião com os produtores, o governo se comprometeu a reduzir o porcentual do produto na gasolina de 25% para 20%, mas cobrou contrapartidas dos usineiros de melhores condições para o consumidor.

O objetivo era manter, nas bombas, preço equivalente a, no máximo, 60% do valor de venda da gasolina. No início de dezembro deste ano, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP) o litro do hidratado era R$ 1,058, ou, 61% dos R$ 2,449 cobrados pelo litro de gasolina.

“Há uma clara tendência de alta nos preços do álcool”, diz a pesquisadora do Cepea, Marta Cristina Marjotta Maistro. Segundo ela, o movimento foi provocado pelo aumento da demanda, reflexo das vendas de carros bicombustíveis, que hoje representam 70% de todos os veículos produzidos no País. Entre maio e novembro, o preço médio do álcool hidratado subiu 4,2%, em comparação ao mesmo período de 2004. Já o anidro, que não sofre influência dos carros bicombustíveis, teve alta de 2,1%. Marta prefere não fazer previsões, mas reconhece que ainda há espaço para altas.