Mercado

Cada vez mais flexíveis

Da equipe do Correio

Lançados sob a desconfiança do consumidor ainda traumatizado com o Proalcool, os automóveis com motor Flexfuel se tornaram rapidamente um fenômeno no mercado brasileiro. Em apenas dois anos, o popular bicombustível já abocanha 60% do setor de zero quilômetro, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A expectativa é que em 2006 essa liderança seja ampliada e a maioria absoluta dos carros nacionaisaia das linhas com o sistema.

Com o preço da gasolina nas alturas, nada melhor que poder abastecer com álcool e diminuir consideravelmente os gastos mensais. “A vantagem no bolso e a possibilidade de escolha garantiram o sucesso dos modelos”, analisa o professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília, Alessandro Borges.

Ele explica que atualmente é clara a vantagem de se usar o álcool. Mesmo assim, o consumidor deve testar um processo simples para assegurar qual combustível é mais vantajoso para abastecer. Basta encher o tanque duas vezes seguidas com álcool e medir quantos quilômetros ele roda. Em seguida, fazer o mesmo processo com a gasolina. “No caso dos bicombustíveis a conta não é mais quilômetros por litros, mas reais por litros”, explica Borges.

Já de acordo com o diretor de desenvolvimento da Magneti Marelli, Gino Montanari, o consumidor deve dividir o preço do álcool pelo da gasolina. Se o resultado for até 0,69, o primeiro sai mais em conta. De 0,7 para cima, é a gasolina que se torna mais rentável. Considerando o preço do álcool no Distrito Federal, por volta de R$ 1,70, e o da gasolina a R$ 2,55, o resultado é 0,66: ponto para o álcool.

Ecológico

Além da economia, especialistas apontam outras vantagens para o uso do álcool. “O motor do carro fica mais limpo, já que ele não forma resíduos e ainda retira a fuligem formada pelo uso da gasolina”, explica Alessandro Borges.

Nem mesmo o antigo medo de o automóvel não pegar nas primeiras horas da manhã assusta mais. Com a inclusão de um reservatório de partida a frio (chamado usualmente de tanquinho), onde se coloca gasolina, é garantida a partida do carro em temperaturas abaixo dos 12 graus, mesmo com álcool no tanque.

Outra vantagem é o preço do Flex brasileiro. Nos Estados Unidos, por exemplo, o sistema exige a inclusão de um sensor físico para analisar a mistura, o que acaba encarecendo o valor do carro.

Já o brasileiro funciona com o sistema Software Flexfuel Sensor (SFS). Ao invés de um sensor físico, é utilizado um programa de computador no módulo de comando da injeção para reconhecer a mistura e as proporções de combustível.

O sucesso é tanto que a Magneti Marelli estuda o lançamento de um motor Tetra Fuel. Ele funcionaria com álcool, gasolina brasileira, gás natural veicular (GNV) e gasolina pura (nafta) em qualquer proporção. O novidade pode chegar ao mercado já em 2006, com investimentos de aproximadamento R$ 40 milhões.