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Cortadores de cana ameaçam entrar em greve

Uma diferença de apenas R$ 3,00 pode levar mais de 100 mil trabalhadores rurais da zona canavieira alagoana à greve, na próxima semana. O impasse nas negociações surgiu nas negociações salariais, iniciadas no mês passado. Em nota distribuída ontem, com a imprensa, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Alagoas (Fetag) avisa que não aceita reajuste menor que 13,6% – o que elevaria o piso da categoria de R$ 250 para R$ 284. A proposta dos empregadores é de R$ 281.

“Nós não aceitamos esse salário. Se os patrões não cederem, poderemos ir à greve. Muitos sindicatos já estão se mobilizando. A diferença de R$ 3,00 pode parecer pequena, mas é muito grande para o trabalhador”, reage Antônio Vitorino, presidente da Fetag.

O representante do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Alagoas (Sindaçúcar/AL) nas negociações, Cariolando Guimarães, reage com tranqüilidade à ameaça de greve. “É preciso ceder dos dois lados. Mas, se eles quiserem greve, vamos encarar a situação”, afirma.

De acordo com Guimarães, em parte as negociações foram prejudicadas pelo fechamento, na semana passada, do acordo salarial com os canavieiros em Pernambuco. “Lá eles fecharam um piso de R$ 272. Não temos como arcar com uma diferença maior, ainda mais porque o preço do açúcar está em queda”, adianta, acrescentando que “é possível chegar até R$ 282. Mas desde que exista entendimento”.

Espera – De acordo com a nota da Fetag, os trabalhadores vão esperar por uma resposta até amanhã, caso isto não ocorra os cortadores de cana e demais trabalhadores rurais da zona canavieira poderão entrar em greve na próxima segunda-feira, (17), por tempo indeterminado.

A Comissão de Negociação Coletiva é formada por representantes dos trabalhadores e empregadores da zona canavieira do Estado – representantes da Fetag, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (Faeal), Associação dos Plantadores de Cana (Asplana) e Sindaçúcar/AL.

O representante da Fetag na comissão de negociação, Antonio Torre, disse que os trabalhadores não abrem mão dos R$ 284. Mas explica que, apesar do impasse nas negociações formais, o diálogo tem sido mantido, por telefone, mediante conversas com o representante do Sindaçúcar/Alagoas, Cariolando Guimarães e com o representante da Feal, Álvaro Almeida.

“Existe clima para o entendimento. Estamos esperando para esta quarta-feira uma resposta. Esperamos chegar a um acordo para evitar a greve, que com certeza será desgastante para os dois lados”, diz.