O mercado aguarda o relatório de oferta e demanda do USDA desta próxima sexta-feira (09). Por sua vez, os números antecipados pelo USDA, em seu Fórum Outlook realizado no início deste mês de março (entre os dias 01 e 02), indicam que a área a ser plantada com trigo nos Estados Unidos, nesta safra 2007/08, deverá ficar em 24,18 milhões de hectares, da qual sairá uma produção de 59,05 milhões de toneladas. As exportações estão estimadas em 25,17 milhões de toneladas e os estoques finais em 13,77 milhões de toneladas.
Por sua vez, o Food and Agriculture Policy Research Institute – FAPRI, dos Estados Unidos projetou os estoques finais do país em 14,87 milhões de toneladas nesta temporada 2007/08 (os números mais próximos da realidade deverão ser divulgados oficialmente pelo USDA nesta sexta-feira). No que diz respeito aos números dos estoques finais, o mercado aguarda 12,87 milhões de toneladas, um pouco acima das 12,84 milhões de toneladas anunciadas no relatório de fevereiro passado.
Paralelamente, na Argentina, informações da Secretaria da Agricultura do país (SAGPyA), dão conta de que foram anunciados embarques de 146.000 toneladas de trigo argentino com destino ao Brasil, os quais deverão acontecer até o dia 24/03. No acumulado, os compromisso de exportação de trigo referentes a safra 2006/07 totalizavam 8,74 milhões de toneladas no dia 28/02 (destes 3,4 milhões de toneladas terão como destino o Brasil). Em igual período do ano passado (ref. a safra 2005/06), haviam sido embarcadas 5,13 milhões de toneladas (das quais 2,95 milhões de toneladas vieram para o Brasil)
Em termos de preços, o vizinho mercado argentino continua firme. O FOB de Bahia Blanca indicou US$ 193,00/tonelada para março e US$ 195,00/tonelada para abril. Nos portos fluviais ao norte da região produtora, indicações a US$ 188,00/tonelada para abril. Em Necochea a tonelada do produto atingiu US$ 190,00/tonelada.
Na prática, a situação na Argentina continua complexa. Notícias veiculadas nesta quinta-feira davam conta de que o governo Kirchner havia bloqueado as exportações de cereal e de sua farinha, visando segurar os preços internos. Isto se deve ao fato de que há haveria mais trigo para abastecer o mercado interno do país assim como a estimativa da última safra indicaria um número inferior a 14 milhões de toneladas. Tal medida deverá ser um forte motivo adicional para elevar ainda mais os preços do trigo e seus derivados no mercado interno brasileiro.
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No mercado brasileiro, apesar de ainda serem poucos os negócios, os compradores já começam se fazer mais presentes em busca do produto para abastecimento. Entretanto, ainda há certo distanciamento entre vendedores e compradores em termos de preços que estão firmes. Todavia, a decisão da Argentina, em bloquear temporariamente suas exportações, deverá reacomodar rapidamente tal situação, com o mercado permanecendo em alta.
No Rio Grande do Sul, hoje houve demanda a R$ 440,00 por tonelada, mas sem interesse de venda. Isso mostra que os produtores acreditam em preços melhores, com razão. No Paraná, a oferta entre R$ 470,00 e R$ 500,00 por tonelada e moinhos dispostos a pagar entre R$ 460,00 e R$ 470,00 por tonelada. Com pouco trigo disponível na safra atual, as atenções já começam a se voltar para a safra nova. O bom desempenho da soja e do milho sinaliza para um incremento expressivo na produção em relação ao anterior. A última estimativa de Safras e Mercado aponta para 4,235 milhões de toneladas. Contudo, se os preços se recuperarem bem, este patamar pode ultrapassar 5 milhões de toneladas, dependendo do clima, já que haveria um maior incremento de área semeada.
Enquanto isso, o sexto levantamento da safra 2006/07, realizado pela Conab, não trouxe alterações nos números já divulgados para a safra brasileira de trigo, mantendo a projeção de uma produção de 2,23 milhões de toneladas (ante as 4,87 milhões de toneladas produzidas na safra anterior).
Por sua vez, estimativas do Departamento de Economia Rural – Deral do Estado do Paraná, dão conta de que o Estado deverá plantar 968.000 hectares de trigo na safra 2007/08 (9,4% a mais do que os 885.000 hectares cultivados na safra anterior). Em termos de produção o Deral aponta um volume de 2,41 milhões de toneladas (ante 1,24 milhão de toneladas produzidos na safra anterior).
Enfim, nesta quinta-feira (08) o custo de importação do trigo vindo dos EUA, CIF sudeste brasileiro esteve em US$ 303,09/tonelada, enquanto o produto vindo da Argentina esteve cotado a US$ 243,41/tonelada. Para o produto oriundo do Norte do Paraná o custo ficou em US$ 251,83/tonelada.
