Mercado

Produtores de algodão vão quintuplicar os embarques

As exportações brasileiras de algodão vão quintuplicar este ano, segundo previsões iniciais dos produtores rurais. As estimativas iniciais da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) são de que as receitas com as vendas externas atinjam US$ 650 milhões neste ano. Em 2003, as exportações renderam US$ 130 milhões.

Em relação aos volumes embarcados, a expectativa é de que o aumento seja de 185%, para 500 mil toneladas, em comparação às 175 mil toneladas exportadas no ano passado. O maior embarque será possível por uma série de fatores, segundo informa Helio Tollini, diretor da Abrapa. A safra brasileira de algodão será 45% maior do que a do ano anterior; o dólar em alta favorece o produto brasileiro, por torná-lo mais competitivo; a ausência da Austrália no mercado, importante país produtor, por conta de problemas nas lavouras com a seca registrada no país; aumento expressivo das compras por parte da China; finalmente a qualidade do algodão produzido no País, que vem melhorando muito nos últimos anos, acrescenta Tollini.

Briga na OMC

Os produtores brasileiros aguardam com muita ansiedade o resultado final do painel na Organização Mundial de Comércio (OMC), a ser divulgado no dia 18 de junho, sobre a contestação em relação aos subsídios efetuados pelo governo norte-americano aos produtores locais de algodão, que provocaram queda nos preços internacionais e prejudicam demais países produtores.

Segundo Tollini, os gastos com o contencioso somaram US$ 2,5 milhões, mas o resultado final foi muito positivo. “Ganhamos a primeira batalha.” O primeiro relatório, divulgado em 26 de abril, foi favorável ao Brasil e dificilmente ocorrerá mudanças na decisão final. Mas os norte-americanos, segundo os próprios produtores, com certeza vão recorrer da decisão.

Segundo Pedro de Camargo Neto, líder rural, pecuarista e consultor da Sociedade Rural Brasileira (SRB), os prejuízos do Brasil oscilam em cerca de US$ 500 milhões por ano por conta dos subsídios norte-americanos.

Camargo Neto era à época do início do processo na OMC o representante do Ministério da Agricultura responsável pela elaboração do trabalho para contestar os subsídios norte-americanos. Na OMC, apenas os governos podem entrar com os pedidos de painéis.

“Felizmente contamos com o apoio decisivo da Abrapa nesta questão da briga contra os subsídios norte-americanos para o algodão”, diz Camargo Neto. Para o líder rural, a vitória do Brasil foi muito importante e teve uma repercussão internacional relevante.

Tollini informa que, sem os subsídios, os produtores norte-americanos reduziriam em 29% sua produção e em 41% as suas exportações. “Hoje, nos Estados Unidos dominam 40% do mercado internacional de algodão”, afirma.