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S10, ágora com motor bicombustível

Modelo movimenta o segmento de picapes; além disso ganhou potência e ficou mais econômico. Janeiro começou com uma boa disputa entre as picapes médias. Como a questão da economia influi diretamente na opção de compra deste segmento, as montadoras partiram para apresentar produtos com combustíveis alternativos – e mais baratos. No início do ano, a Ford apresentou a Ranger com a possibilidade de adaptação a gás. A GM apresenta agora a S10 flex power, o que pode fazer o carro voltar a ser interessante, principalmente, para os consumidores dos grandes centros urbanos. A Blazer também foi lançada com o motor flex, mas o veículo é voltado, principalmente, a frotista.

Com adaptações técnicas no motor, a S10 conseguiu atingir índices de maior economia de combustível em relação ao modelo abastecido exclusivamente a gasolina. Esta era a principal dificuldade para os carros bicombustíveis – oferecer economia para o álcool com motores grandes e gastões.

O motor a diesel (90% das vendas) é o preferido nesta categoria pelo fato de o combustível ser mais barato que a gasolina. Agora, o flex pretende apresentar uma nova alternativa para o consumidor.

De acordo com estudos da GM, a S10 passa a atingir o consumo de 11,8 km por litro de gasolina na cidade, e 8,2 quilômetros por litro de álcool. No modelo só a gasolina, a S10 atingia 9,2 km/l.

Mas a conta mais interessante para o consumidor não é a do combustível. O mesmo veículo a diesel custa por volta de R$ 90 mil. O preço de uma S-10 flex, com o mesmo nível de acessórios, é de R$ 59 mil. Soma-se a isso a diferença do preço do seguro para um carro a diesel (R$ 8,7 mil em relação a R$ 4,6 mil para a flex), o consumidor terá uma diferença de preço de R$ 36 mil. Com este superávit, não há argumento a favor do diesel, que domina o mercado atualmente pela (falsa) sensação de resultar em mais economia ao longo de sua vida útil – o consumidor de carro zero quilômetro não fica mais do que três anos com o carro.

Dirigindo a S10 de Guarulhos a São José dos Campos, pelas vias Trabalhadores e Dutra, percebe-se uma clara evolução da caminhonete. A suspensão foi recalibrada para receber a nova motorização. Com isso, o carro ficou muito mais macio em relação ao barulhento motor diesel.

O torque foi melhorado, dando mais potência à picape média da GM. No modelo exclusivamente movido a gasolina, a potência atingia 128 cavalos. Agora, flex, consegue 141 cavalos (gasolina) e 147 cavalos, quando abastecida a álcool. A relação torque/potência melhorou tanto que a montadora decidiu limitar eletronicamente a velocidade a 150 km/h, medida necessária uma vez que o carro alto fica perigoso em velocidades excessivas, por ter o centro de gravidade diferente de um veículo baixo.

No percurso de cerca de 100 quilômetros, abastecido a álcool, o modelo teve um gasto de cerca de R$ 19, usando como parâmetro o litro do álcool, a R$ 1,25 – preço só alcançado em alguns postos de combustível na cidade de São Paulo, já que em muitas localidades do País o preço do mesmo combustível pode chegar a R$ 1,90.

Esta relação de preço pode tornar o carro uma nova opção para a cidade, apesar de seu tamanho um tanto incômodo para o vaievém do dia-a-dia das grandes capitais. Quando foi lançada, há 11 anos, a S10 ganhou uma grande parte do público jovem na cidade. Mas perdeu interesse em razão de seu consumo excessivo de gasolina e suspensão fraca para enfrentar os buracos. Mas foi nestes dois quesitos que a caminhonete mais evoluiu nos últimos tempos, além de ter atualizado o design e ficar agradável externamente.

O preço de entrada também será um chamariz para um novo público. A S10 flex chega com um preço de entrada de R$ 53,7 mil. Mas a que deve mais atrair o consumidor é de um catálogo acima, que já vem mais equipada com rodas de liga-leve, trio elétrico, farol de milha, entre outros acessórios que elevam o preço para R$ 59 mil. Mesmo assim bastante atraente para um veículo que conseguiu robustez – detalhe que faz da S10 líder no mercado há dez anos em seu segmento. Carro preferido no meio rural, a S10 supera concorrentes, como a Ranger e a Hilux (Toyota) pela extensa rede de concessionárias da marca, que agora quer dar um novo reposicionamento de mercado a sua picape média. “A nova S10 vai ajudar a equilibrar o mix de venda entre o diesel e o flex??, diz o diretor de marketing da GM do Brasil, Samuel Russell.