Após dez anos de pesquisas, o Instituto Agronômico (IAC-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolveu uma tecnologia para diminuir perdas na colheita mecanizada de cana-de-açúcar. Com a substituição do tradicional sistema de corte de base da cana, feito com lâminas retangulares e com corte por impacto, por um sistema com lâminas serrilhadas e corte por deslizamento, reduz-se de 3,4% para 0,2% a quantidade de soqueiras arrancadas.
“A substituição do corte por impacto pelo corte por deslizamento, associada ao uso de lâminas serrilhadas, reduz os danos na soqueira e na cana colhida”, diz o pesquisador do Centro de Engenharia e Automação do IAC, Roberto da Cunha Mello. “O dano na soqueira reduz a produtividade da próxima safra e facilita o ataque de microrganismos. E o dano na cana colhida aumenta as perdas de matéria-prima e acelera seu processo de deterioração.”
Classificação. Nos testes de campo feitos pelo IAC, depois da colheita, as soqueiras foram classificadas como intactas, semiabaladas, abaladas e arrancadas. Pelo sistema de corte convencional, 54,3% das soqueiras mantiveram-se intactas. Com o sistema de corte desenvolvido pelo IAC, esse índice chegou a 71,5%.
Mello explica que as colhedoras convencionais cortam a cana na base por impacto, usando um disco rotativo com múltiplas lâminas. “O rolo defletor empurra a cana para frente antes de cortá-la, e a deflexão e o corte de base são responsáveis por danos na soqueira e na cana colhida”, explica. “É como cortar um tomate com um único golpe de faca. Para diminuir danos no fruto, melhor é usar uma faca de serrinha.”
Outra vantagem para o produtor, segundo ele, é a maior durabilidade das lâminas, que sofrem menor desgaste por ser possível colher a cana levemente acima da superfície do solo. “Enquanto as lâminas convencionais têm de ser trocadas diariamente, as serrilhadas duram em média seis dias. O investimento na troca das lâminas é compensado pela maior durabilidade do novo sistema.”