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Brasil dobrará em uma década energia com bagaço de cana

O Brasil vai dobrar nos próximos dez anos a capacidade de seu parque gerador de energia elétrica a partir do bagaço de cana-de-açúcar. A informação consta do Plano Decenal de Expansão de Energia da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O País conta atualmente com 4.496 MW instalados, potência que chegará a 9.163 MW ao final desta década.

Além de representar renda a mais para as usinas que produzem açúcar e álcool, a expansão da geração de eletricidade a partir do bagaço de cana está atraindo empresas interessadas em consumir energia limpa e, assim, conquistar o selo verde. O consumo de bagaço para gerar energia contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, comuns em termoelétricas que usam combustível fóssil.

Atenta a essa tendência do mercado, a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) vem investindo na produção de eletricidade mediante uso de biomassa. A empresa anunciou que o bagaço de cana representará 400 MW de um parque de 1.505 MW de energia renovável que será consolidado nos próximos dois anos.

Além de bagaço de cana, o cômputo da CPFL inclui a geração a partir de ventos e de pequenas centrais hidroelétricas. “Nosso plano para biomassa é agressivo. Planejamos ultrapassar mais de mil MW de capacidade instalada. O foco da CPFL é a geração de energia de maneira sustentável”, afirma Alessandro Gregori, diretor de Novos Negócios da CPFL Renováveis.

A CPFL já colocou em operação três unidades geradoras de energia a partir do bagaço de cana: UTE Bio Baldin (45 MW), UTE Bio Formosa (40 MW) e a UTE Bio Buriti (50 MW). Está prevista para entrar em funcionamento até o final deste ano a Bio Ipê (25 MW). Em 2012, a usina da Pedra, de Serrana, vai participar com 70 MW no portfólio de energia produzida com biomassa da CPFL. Em 2013, será a vez das usinas Coopcana e Alvorada, com 50 MW cada uma.

Produção tímida

A utilização do bagaço de cana para geração de energia elétrica no Brasil é uma prática ainda tímida em face do potencial que o setor sucroalcooleiro oferece. Segundo a União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), as usinas podem gerar, em dez anos, 13.150 MW mediante uso do resíduo da cana, o equivalente a uma Itaipu e meia.

Outra vantagem do uso dessa matéria-prima, de acordo com a Unica, é o fato de essa eletricidade ser produzida no período da seca, de abril a novembro, quando ocorre a moagem da cana para a produção de álcool e açúcar. Nesse período, os reservatórios das usinas hidroelétricas costumam apresentar baixo nível de água. O País conta atualmente com cerca de 440 usinas de açúcar e álcool.