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IPI maior sobre carro importado ajuda usinas

Não foram apenas as indústrias automobilísticas que gostaram das medidas restritivas impostas pelo governo à importação de veículos. As usinas também. A medida reduzirá o número de veículos movidos apenas a gasolina, em geral importados.

No momento, os efeitos são pequenos porque a oferta de etanol está reduzida. A melhora dos canaviais e a consequente oferta maior de etanol a partir do próximo ano beneficiariam as usinas.

Os veículos importados, que representaram 15,6% do total dos licenciamentos no país em 2009, passaram para 18,8% em 2010. Até agosto deste ano, já representam 22,5%. Com a restrição à importação, a tendência é que esse percentual seja menor.

“O carro flex é o maior patrimônio das usinas”, diz Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

No momento, a oferta de etanol é menor devido à quebra de safra, mas o flex vai sustentar o setor quando vier uma supersafra. Apesar da oferta menor de etanol e de preços mais elevados, o diretor da Unica diz que há uma mudança no comportamento do consumidor.

“A demanda hoje é mais verde do que econômica”, diz Padua. Mesmo com o combustível derivado da cana atingindo paridade de 70%, o consumo continua. Em agosto foi consumido 1,1 bilhão de litros, ante 1,5 bilhão no mesmo mês do ano passado.

No próximo mês, no entanto, a relação entre oferta e demanda pode ter mudanças. A redução (de 25% para 20%) na mistura do anidro à gasolina retira 150 milhões de litros desse combustível do mercado. As usinas que precisarem de dinheiro vão vender mais hidratado.

Apesar de o consumo não ter caído como o setor imaginava, devido à elevação dos preços, a queda do etanol nas usinas indica desaceleração da demanda.

As negociações em Paulínia (SP) voltaram a cair ontem, o que ocorre desde a última semana de agosto. Nos postos de São Paulo, álcool e gasolina mantiveram tendência de alta, mas com percentual bem inferior ao das semanas anteriores.