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Embarque de açúcar do Brasil é o mais baixo da safra-consultoria

A atual programação de navios nos portos brasileiros indica o menor volume de embarques de açúcar da safra 2011/12, somando cerca de 1 milhão de toneladas, ou menos da metade do que era verificado um ano atrás, segundo dados da SA Commodities Consultoria.

A SA Commodities contabiliza nesta semana 36 navios para açúcar no Brasil, contra um pico de quase 90 embarcações nesta safra (e previsão de embarque de 3 milhões de toneladas), no início de julho. Na mesma época de 2010, a consultoria registrava programação para 2,3 milhões de toneladas.

O line-up de navios dá uma ideia do tamanho das exportações do Brasil, o maior exportador global. A expressiva baixa na programação de embarques foi confirmada pela agência marítima Williams, que aponta um volume inferior a 1 milhão de toneladas em seu atual line-up.

“Pode haver uma retração de embarques, é natural, porque a velocidade de abril até agora foi muito alta”, afirmou Antonio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).

QUEDA NA EXPORTAÇÃO

“Todo mundo sabe que o Brasil pode ter até 3 milhões de toneladas de redução nos volumes de exportação até março do ano que vem, em relação à safra passada”, afirmou.

O mercado trabalha com uma previsão de embarques em setembro de aproximadamente 2,2 milhões de toneladas (sem considerar embarques em contêineres), cerca de 500 mil toneladas a menos que em agosto, quando o volume atingiu recorde.

Na primeira quinzena, o volume que saiu dos portos somou cerca de 1,25 milhão de toneladas, segundo a SA Commodities.

A lista de navios vem caindo gradativamente desde julho por vários motivos: os altos preços no mercado internacional têm de alguma forma limitado a demanda ; a oferta brasileira será menor por uma severa quebra de safra ; e o tempo mais seco neste inverno permitiu embarques sem tantas interrupções.

Além disso, uma recente alta nos preços do açúcar no mercado local e dos preços do etanol levou usinas a destinarem mais produto para estes mercados, em detrimento do açúcar de exportação, observou um trader.

A vantagem das vendas no mercado interno ante o externo foi apontada pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) nesta semana.

O centro-sul deve ter uma queda no volume exportado de açúcar de quase 10 por cento ante 10/11, para 22,3 milhões de toneladas, conforme a Unica. No acumulado de janeiro a agosto, a exportação já caiu 4,8 por cento, para 15,7 milhões de toneladas, embora em receita tenha subido 23,5 por cento, para 9,14 bilhões de dólares, com os preços mais altos.

A situação vivida nos portos brasileiros este ano é bem diferente da registrada no ano passado, quando o line-up chegou a contabilizar mais de 130 embarcações, num momento em que a demanda estava bastante concentrada no açúcar brasileiro, por safras menores em outros países produtores.

Já na safra 11/12, por exemplo, a Rússia (maior importador de açúcar do Brasil) poderá quase duplicar a sua produção de açúcar, após uma quebra de safra no período anterior, que fez com que os russos se mantivessem firmes compradores do produto brasileiro na temporada passada.

A redução do line-up em setembro ocorreu a despeito do tempo chuvoso em Santos, o principal porto para as exportações da commodity, notou a consultoria. Com chuvas, os embarques, muitas vezes, têm de ser interrompidos, normalmente ampliando as filas para atracação.