Começa hoje em Sertãozinho, na região de Ribeirão Preto, a maior feira de negócios do setor sucroalcooleiro do mundo. A cidade do nordeste paulista sedia a Fenasucro e a Agrocana, que vão até sexta-feira e devem trazer pelo menos 30 mil pessoas, vindas de pelo menos 40 países, à cidade. Um total de 450 expositores, 30 a mais que no ano passado, boa parte dos quais vem de fora da região, ocupa uma área que supera 58 mil metros quadrados.
Da Fenasucro participam os principais fornecedores de produtos ligados às áreas de serviços, automação e instrumentação, elétrica, caldeiraria e mecânica pesada, química e derivados, e energia, entre outros, ligados à produção de açúcar, álcool e energia a partir de biomassa. Na Agrocana, os destaques são máquinas e equipamentos para a agricultura da cana-de-açúcar.
Vale lembrar que a Fenasucro viveu, em 2010, uma edição histórica, com a abertura marcada pela presença do presidente Lula. No total, a feira, em conjunto com a Agrocana, realizada no mesmo período e local, recebeu um público superior a 33 mil visitantes, além de atingir um montante de negócios que de mais de R$ 2,4 bilhões. Sem divulgar projeções, a Reed Multiplus, que organiza essas feiras, espera superar os números de 2011. “Não há como aumentar a produção sem que haja aumento da capacidade produtiva”, disse Augusto Balieiro, diretor da Reed Multiplus, responsável pelo evento.
Para Fernando Barbosa, também diretor da empresa organizadora, o aumento na área de exposição, que ganhou 3 mil metros em relação à de 2010, é um dos indicativos para que se acredite em uma feira ainda maior. “Já vínhamos estudando a viabilidade de aumentar a área de exposição para agregar novas empresas. Estamos sentindo o mercado mais confiante e otimista, fator que contribui para a decisão de abrir mais espaços nas Feiras”, afirma.
Em sua 19ª edição, a Feira Internacional da Indústria sucroalcooleira (Fenasucro), a principal do setor, foi aberta oficialmente ontem, com o Fórum Internacional sobre o Futuro do Etanol. O evento, que contou com mil participantes, entre autoridades, lideranças setoriais, executivos e empresários, teve como tema a “Energia das Nações”.
Entres os debatedores, estiveram Rubens Ometto Silveira Mello e Vasco Dias, ambos da Raízen, Marcos Marinho Lutz, presidente da Cosan, Luís Roberto Pogetti, presidente do Conselho da Copersucar, José Carlos Grubisich, presidente da ETH Bioenergia e Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica). “Foi um evento de alto nível, que serviu para que as diversas entidades do setor refletissem, juntas, sobre os desafios e as necessidades que devem ser sanadas nos próximos anos”, salientou Jank.
Já de acordo com Ometto, quem compareceu ao evento participou dos debates que ajudarão a firmar o futuro do setor. “É sempre positivo quando os debates atingem tão elevado nível, e podemos ter certeza que foi o caso desse evento”, comentou,
As feiras começam cerca de 20 dias depois de a Unica anunciar a quebra de 8,4% da safra do ano, com projeção de moer cerca de 46,7 milhões de toneladas a menos do que o previsto. O quadro, vindo de questões climáticas ou do envelhecimento de lavouras, deve ampliar a entressafra e gerar desabastecimento de etanol.
Apesar disso, as indústrias do setor acreditam que é hora de pensar em investimentos como forma de garantir a oferta e atender a demanda crescente por produtos, principalmente álcool.
“O momento é, sim, de cautela, mas com expectativa muito positiva”, afirmou Sérgio Leme, diretor-presidente da Dedini Indústrias de Base, uma das maiores produtoras de peças e equipamentos para usinas, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo. Para ele, os problemas com a safra atual não podem influenciar negativamente os investimentos previstos, sob risco de um agravamento. “Se não fizer [os investimentos], a gente vai ter uma situação pior lá na frente”, disse.
Outro diferencial, diz Fernando Barbosa, é a realização de uma série de eventos paralelos que são aguardados pelo setor sucroalcooleiro. Entre seminários, exposições e grupos de trabalho, são pelo menos 15 as atividades que acontecem na semana. “Além de serem vitrines do que há de mais moderno em tecnologia, máquinas, equipamentos e serviços para a indústria e a agricultura do segmento, as feiras são as mais esperadas na agenda de profissionais, autoridades e responsáveis, porque proporcionam o ambiente para troca de informações, debates e convivência”, diz Barbosa.
Adézio Marques, presidente do Centro Nacional das Industrias do Setor sucroalcooleiro e Energético (Ceise Br), acredita que o período das feiras é o momento em que as empresas discutem mercado e iniciativas. “As feiras são essenciais para o setor, pois, além dos negócios, discute-se o mercado.” Antônio Gilberto Gallati, diretor-comercial da TGM, fabricante de turbinas de Sertãozinho, concorda. “A expectativa é das melhores, e é até maior do que a do ano passado”.
2.589Ribeirão Preto
Eduardo Schiavo