A expectativa de retomada de investimentos como alternativa à atual crise de oferta pela qual passa o setor dá o tom entre as empresas que participam nesta semana da Fenasucro (Feira Internacional da Indústria sucroalcooleira), em Sertãozinho.
Em sua 19ª edição, a feira vai ocorrer de terça a sexta, no Centro de Eventos Zanini. Paralelamente, haverá a nona Agrocana (Feira de Negócios e Tecnologia da Agricultura de Cana-de-Açúcar).
As feiras começam cerca de 20 dias após a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) anunciar a quebra de 8,4% na safra do ano, com projeção de moer cerca de 46,7 milhões de toneladas a menos do que o previsto.
O quadro, gerado por questões climáticas e envelhecimento de lavouras, entre outras, deve ampliar o período de entressafra e há risco de desabastecimento de etanol.
Apesar do panorama, para indústrias do setor o momento é de pensar em investimentos como forma de garantir a oferta e atender a demanda crescente por produtos, principalmente o álcool.
“O momento é, sim, de cautela, mas com uma expectativa muito positiva”, afirmou Sérgio Leme, diretor-presidente da Dedini Indústrias de Base, uma das maiores produtoras de peças e equipamentos para usinas.
Para ele, os problemas com a safra atual não podem influenciar negativamente nos investimentos que já estavam previstos sob o risco de ocorrer um agravamento. “Se não fizer [os investimentos], a gente vai ter uma situação pior lá na frente”, disse.
Anúncios feitos recentemente por gigantes do setor também reforçam a expectativa positiva.
A Petrobras, por exemplo, reservou US$ 1,94 bilhão de seu novo plano de negócios para tentar quadruplicar a produção de etanol até 2015.
Já a Bunge, no último dia 18, anunciou investimento de US$ 2,5 bilhões em aumento de capacidade de produção de açúcar, etanol e energia.
No caso da geração de energia, aliás, o crescimento de demanda dos próximos anos, atrelado ao grande potencial ainda existente na área da biomassa, também colaboram para que o setor se mantenha animado.
“A expectativa é das melhores e é até maior em relação ao ano passado”, disse Antonio Gilberto Gallati, diretor comercial da TGM, fabricante de turbinas.
Para os organizadores, a estimativa é que o volume de negócios também cresça.
“Não há como aumentar a produção sem que haja aumento da capacidade produtiva”, disse Augusto Balieiro, diretor da Reed Multiplus, responsável pelo evento.
A organização evita estimar volume de negócios, mas, em 2010, foram ao menos R$ 2,4 bilhões em vendas fechadas durante o evento ou concretizadas nos meses que se seguiram às feiras.