Mercado

Companhia projeta um mercado de US$ 4 bi para negócios ligados à cana

Praticamente irrelevante na receita global da companhia, a cana-de-açúcar foi a primeira cultura a ganhar uma divisão própria na estrutura da Syngenta, com a união das áreas de Proteção de Cultivos e Sementes no Brasil, em 2009. O brasileiro Daniel Bachner, diretor global da unidade, será o responsável por transformar a cultura em uma das maiores fontes de receita da companhia ao longo da próxima década. “O mercado potencial de cana-de-açúcar é de US$ 4 bilhões”, afirma o executivo.

Por enquanto, a receita com a venda de defensivos e biotecnologia para cana ainda passa longe desse número. Em 2010, a receita global da Syngenta no segmento não passou de US$ 150 milhões, sendo que o Brasil foi responsável por dois terços desse valor. A meta, no entanto, é elevar a marca para US$ 1 bilhão até 2015 e US$ 2 bilhões nos anos seguintes. “A cana-de-açúcar vai ser o segundo maior negócio da Syngenta no Brasil. O potencial de crescimento é enorme, porque a cultura, nem de longe, recebeu os mesmos investimentos que soja e milho.”

Embora as vendas de defensivos tenham dobrado desde a criação da unidade, a grande aposta da companhia é o Plene, tecnologia patenteada de plantio que substitui as mudas tradicionais, com até um metro de comprimento, pela “gema” da cana, com poucos centímetros. Com a técnica, o volume de cana cultivado por hectare diminui de cerca de 18 toneladas para 1,8 tonelada, o que, segundo a companhia, pode significar redução de custos de até 15% e ganhos de produtividade ainda não completamente estimados.

Lançado em 2008, o projeto terá consumido um investimento de US$ 75 milhões até o fim do ano, apenas em capacidade de produção na unidade de Itápolis, no interior de São Paulo. A empresa já fechou contratos com cerca de 15 grupos sucroalcooleiros, em uma carteira de US$ 350 milhões. A previsão é que a área plantada com os Plenes, que este ano deve somar 4 mil hectares, chegue a 400 mil em quatro anos, com um faturamento próximo de US$ 600 milhões. “Se esta tecnologia der certo como imaginamos, será uma revolução no setor”, vislumbra-se Bachner.

O diretor global acredita que a entrada de grupos petroleiros no setor vai transferir, cada vez mais, o cultivo de mudas para empresas especializadas. “Estamos assumindo um papel que era do produtor”, afirma. Ele também aposta alto no crescimento orgânico desse setor. “A área plantada com cana-de-açúcar no Brasil deve saltar de 9 milhões para 20 milhões de hectares nos próximos anos. Isso sem contar a abertura do mercado americano de etanol, o que poderia significar um acréscimo de mais 10 milhões de hectares”, prevê.