O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, disse hoje que o Brasil deverá instalar 150 novas usinas no setor para suprir o déficit de 400 milhões de toneladas de cana-de-açúcar a ser criado pela demanda projetada para o ano 2020. De acordo com o presidente da entidade, este desafio requer investimento da ordem de R$ 80 bilhões nos próximos 10 anos.
Jank, que participa de audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, considera que o governo deve adotar medidas para reduzir o custo da produção de cana-de-açúcar no país. Ele informou que os custos da produção agrícola do setor sucroenergético cresceram 38% nos últimos cinco anos, co m alta de 57% no arrendamento, 47% na mão de obra e 28% na mecanização.
“Neste momento, temos uma situação em que o preço está abaixo do custo. Não existem novos projetos porque não há rentabilidade”, afirmou o presidente da Unica.
O aumento do custo de produção, segundo o presidente da entidade, resultou no encolhimento da expansão do setor nos últimos anos. Durante a apresentação, Jank informou que o crescimento da moagem de cana ao ano foi de 10,4% de 2000 a 2009. Este percentual foi reduzido nos últimos anos e deve atingir 3,3% ao ano no período de 2009 a 2012.
A projeção de demanda da Única para 2020 é de 1,372 bilhão de toneladas, considerando uma fatia de carros flex de 66% da frota. Se for mantido o baixo nível de expansão da produção, as usinas terão a capacidade de produzir apenas 974 milhões de toneladas.
Jank explicou que 50% da produção país está concentrada no estado de São Paulo em razão da cobrança de ICMS na faixa de 12%. Segundo ele, os demais estados cobram uma alíquota acima de 20%.
O representante da Unica defendeu uma revisão mais ampla da estrutura tributária no país, com estímulo a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias que aumentem a eficiência na produção. Além disso, ele considera que a Cide deve ser utilizada como instrumento de regulação do setor de forma a garantir a competitividade com os combustíveis fósseis.
Durante a audiência, Jank manifestou apoio à decisão do governo destinar à Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) a atribuição de regular a cadeia produção e distribuição do etanol com o objetivo de garantir abastecimento e a reduzir a volatilidade dos preços. Ele também fez uma defesa das usinas dizendo que, embora o preço do açúcar esteja mais atrativo, houve uma migração de apenas 5% da produção nos últimos três anos, enquanto a quebra da safra respondeu por uma queda de 10% da produção.
(Rafael Bitencourt | Valor)