Mercado

Álcool cai até 15% no posto

O início da colheita da cana- de-açúcar e a estratégia do governo federal em determinar à Petrobras a redução do preço dos combustíveis nos postos BR, forçando as demais bandeiras a seguirem caminho idêntico, já favorecem o motorista de Belo Horizonte. Há empresa em que o valor do etanol caiu até 15%, gerando economia de até R$ 0,34. Já o da gasolina recuou até 4,6%, média de R$ 0,10. Apesar da boa notícia, ainda não é hora de encher o tanque com álcool, pois levantamento do Estado de Minas constatou que o melhor preço do etanol corresponde a 74% do da gasolina. A troca de combustíveis, segundo especialistas, só é vantajosa quando o percentual for de até 70%.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Paulo Miranda, prevê que paridade com teto de 70% possa ocorrer, até sexta-feira, em alguns postos da capital. “As quedas ocorrem dentro da previsão que havíamos feito, de que (os recuos nos preços dos combustíveis) chegariam ao consumidor na terceira semana (depois do início da colheita da safra da cana de açúcar 2011/2012). Estamos na terceira semana”, justificou.

Mas a decisão do governo de forçar a queda do valor dos combustíveis por meio dos postos BR também tem grande parcela nesse recuo. No dia 5, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que o governo tem interesse em aumentar a importância da Petrobras, dona de quase 50% dos postos de combustíveis no país, na cadeia da produção do etanol. Na prática, a estatal seria uma agente reguladora do mercado. Em BH, postos que não usam bandeiras BR já reduziram os preços.

Em alguns postos, como no Duas Pátrias, no Bairro Santa Efigênia, Regi ão Leste de BH, que estampa a bandeira da estatal, a queda no álcool foi de 15%. “O preço passou de R$ 2,27 para R$ 1,93 (economia de R$ 0,34). O valor da gasolina caiu (3,8%), de R$ 2,69 para R$ 2,59 (-R$ 0,10). Há expectativa de novas quedas”, acredita o gerente da empresa, Fábio Caetano, enquanto organiza a imensa fila de carros no pátio do ponto de venda: “Está uma loucura”. Perto dali, o posto BH, também bandeira BR, reduziu o valor do etanol em 4,4%, de R$ 2,027 para R$ 1,939 (-R$ 0,08), e o do derivado do petróleo em 3,8%, de R$ 2,699 para R$ 2,599 (R$ 0,10).

“A tendência é de novas quedas nos preços”, afirma o proprietário, Guilherme Costa, que também comemora a fila que se forma no pátio de sua empresa. Postos com bandeiras diferentes também baixaram os preços. No Bel Posto (Ipiranga), no Bairro Jardinópolis, o valor do etanol caiu 3,1%, de R$ 2,299 para R$ 1,999, e o da gasolina 4,6%, de R$ 2,829 para R$ 2,699. No Auto Posto Boa Vista, no bairro homônimo, o álco ol recuou 1,3%, de R$ 2,396 para R$ 2,296, e a gasolina 3,5%, de R$ 2,897 para 2,798. Por outro lado, muitos postos ainda mantêm os preços da semana anterior, como faz o Inhumas, no Conjunto Califórnia, onde o etanol sai a R$ 2,399. O motivo, justifica o funcionário Iraci Salgueiro, é o estoque antigo.

PESQUISA A próxima pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sobre o preço médio dos combustíveis em BH – a entidade divulga o estudo toda sexta-feira – deverá mostrar queda no preço do etanol, pois, há três semanas, o valor do litro do produto vem recuando. A expectativa do consumidor é saber se os novos percentuais são melhores do que os das semanas anteriores. Na última pesquisa, o valor médio do álcool em BH ficou em R$ 2,39, queda de 1,2% na comparação com o da semana entre 17 e 23 de abril. Já o preço da gasolina subiu 3% em igual intervalo, de R$ 2,821 para R$ 2,906. Em nível estadual, a situação foi semelhante.

De qualquer forma, é bom o consumidor seguir uma das importantes regras de mercado: pesquisar. Estudo divulgado ontem pelo site Mercadomineiro, com base em levantamento feito em 135 postos da Região Metropolitana de Belo Horizonte, nos dias 11 e 12, reforça a recomendação. De acordo com o levantamento, o preço do litro da gasolina oscila até 14,99%. O menor foi R$ 2,695. O maior, R$ 3,099. No caso do etanol, a diferença chegou a 32,32%. Enquanto a cifra mais baixa foi de R$ 1,977, a maior chegou a R$ 2,616.

ALTA NA REFINARIA?

O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou ontem que a estatal continua conversando com o governo sobre a possibilidade de aumento do preço da gasolina. “Conversas não param nunca, mas não sei se é possível”, disse ao expressar dúvidas sobre a viabilidade de um acerto com o governo que permita à estatal repassar ao mercado interno as elevações nos preços internacionais do petróleo. O professor do grupo de energia do Instituto de Economi a da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edmar Almeida destacou que uma dúvida que paira sobre o mercado é sobre a política de preços que a Petrobras adotará daqui para frente, diante do forte aumento dos preços do petróleo. “Atualmente, há um desalinhamento entre os preços aplicados no Brasil e o mercado internacional”, recordou.