Mesmo sem previsão de comercialização, a Itaipu Binacional tem investido em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis que garantirão ao Brasil autonomia e agilidade na adoção de soluções para mobilidade urbana. Protagonista na fabricação do automóvel Palio Weekend elétrico, em parceria com a Fiat, e do caminhão Daily Elétrico, em parceria com a Iveco, a empresa é também pioneira no projeto de mobilidade sustentável para os centros urbanos com o desenvolvimento de um ônibus elétrico híbrido plug-in a etanol, que permite aliar a alta eficiência do motor elétrico com os benefícios ambientais do etanol.
Com início em meados de 2010, o projeto contou com a parceria de oito empresas, cada uma responsável por um componente específico do veículo. Dentre elas estão a Eletra, Mitsubishi, WEG, Magneti Marelli, Mascarello, Tutto Trasporti, Euroar e FZ-Sonick. O ônibus é utilizado no transporte interno dos passageiros que se deslocam pelo Parque Tecnológico da Itaipu Binacional.
O custo de fabricação do veículo foi de R$ 650 mil. Somente com baterias foram gastos US$ 75 mil, o que corresponde atualmente a R$ 120 mil. Comparativamente, um ônibus convencional movido a diesel custa cerca de R$ 450 mil, enquanto um ônibus híbrido a diesel tem seu valor orçado em aproximadamente R$ 900 mil.
Mesmo em se tratando de um protótipo, a Itaipu Binacional recebeu da Eletrobras uma encomenda de seis ônibus elétricos híbri dos plug-in a etanol para serem utilizados durante a Copa do Mundo de 2014. Agora a empresa estuda melhorias para os próximos modelos que serão fabricados. Segundo Antônio Cardoso, diretor técnico executivo da Itaipu Binacional, tecnologias mais recentes serão adaptadas para o uso no ônibus, inclusive alterações na carroceria e avaliações para suporte do motor em caso de inundação.
Antônio Cardoso participará, em São Paulo, de palestra sobre a experiência. “Nós entendemos que mobilidade urbana sustentável é coletiva, não individual. Temos experiências de veículos com tração puramente elétrica e de veículos híbridos. No caso do Brasil, imaginamos que o híbrido deveria ser a etanol. Para a mobilidade urbana são ganhos muito positivos com a redução do consumo, da poluição ambiental e do ruído. Uma das possíveis aplicações deste veículo está no deslocamento de passageiros nos aeroportos”, destaca o diretor técnico executivo da Itaipu Binacional.
Características do Protótipo
O ônibus elétrico híbrido da Itaipu Binacional é equipado com um motor de combustão interna a etanol, fabricado pela Mitsubishi e Magneti Marelli, com potência de 125 kW. Este motor aciona um gerador de 130 kVA que produz a eletricidade que movimenta o motor elétrico de 165kW, ambos fabricados pela WEG. É o motor elétrico que recarrega as cinco baterias de sódio de 600 V, tipo Zebra, fabricadas pela FZ-Sonick. Ao frear, o motor elétrico se comporta como gerador e recarrega as baterias, função conhecida como frenagem regenerativa.
Por se tratar de um plug-in, as baterias também podem ser recarregadas diretamente na rede elétrica em uma tomada convencional de três pinos de 220 V, com duração de oito horas. Com carga completa, o ônibus garante uma autonomia de 250 km e alcança velocidade máxima de 65 km/h. Com chassi Tutto Trasporti com 13 m de comprimento e três eixos e carroceria Mascarello, o veículo comporta até 88 passageiros, sendo 34 sentados. Além disso, possui também refrigeração com ar condicionado de 140.000 BTU’s, da Euroar. A Eletra coordenou as principais etapas do projeto, desde os acertos contratuais até a entrega do ônibus para a Itaipu Binacional.
Sobre o seminário
Para o debate sobre a alta eficiência do motor exclusivamente a etanol foram convidados Francisco Nigro, professor da Escola Politécnica da USP; Henry Joseph, Gerente de teste e Emissão da VW e presidente da Comissão de Emissões e Meio Ambiente da ANFAVEA; e Marcos Langeani, diretor da Next Engine Technologies.
Sobre os temas da substituição do diesel pelo etanol no transporte urbano e a alternativa do uso do Veículo Elétrico Híbrido a Etanol, participarão dos debates Antonio Vicente Souza e Silva, consultor e diretor técnico da ABVE; Antonio Otelo Cardoso, diretor técnico executivo da ITAIPU Binacional; e Jayme Buarque de Hollanda, diretor geral do INEE.
Haverá também uma mesa redonda que levantará a discussão sobre o uso do e tanol de forma mais eficiente, frente a maior complexidade e competitividade potencial da nova matriz energética do país. Com coordenação de Marcos José Marques, presidente do Conselho Diretor do INEE, e participação de Alfred Swarcz, Consultor da UNICA; Waldyr Gallo, professor da UNICAMP / FEM; e Antonio Calcagnotto, Diretor de Relações Institucionais e Governamentais da Renault / Nissan.
Organizado pelo Instituto Nacional de Eficiência Energética – INEE e pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico – ABVE, o seminário é patrocinado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar – UNICA e conta com o apoio da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva – AEA e da MES Eventos.
Sobre o INEE
Criado em 1994, o INEE promove e/ou desenvolve ações para eliminar imperfeições de mercado que levam ao desperdício de energia. Uma de suas linhas de atuação relevantes foi orientada para o aumento da eficiência no uso dos resíduos de biomassa combustíveis e para a geração distribuída que aproxima a geração elétrica da carga. Defende, também, a eletrificação seletiva e inteligente do acionamento veicular para aumentar a eficiência nos transportes, onde se observam hoje os maiores desperdícios de energia de origem fóssil.
Ambos os objetivos vão se tornando realidade. A bioletricidade da cana, hoje significativa, venceu resistência, tanto do setor elétrico quanto do canavieiro. O INEE influiu na tomada de decisões importantes tais como a criação do Produtor Independente de energia elétrica (1998), o reconhecimento da geração distribuída no Marco Regulatório de 2004 e a decisão do BNDES (2006) de incentivar o uso de caldeiras de alta pressão no setor sucroalcooleiro.
O INEE liderou a criação da ABVE – Associação Brasileira de Veículos Elétricos em 2006 para reduzir imperfeições de mercado que tolhem o desenvolvimento desta forma de acionamento.
Informações pelos telefones (2 1) 2532-1389 e (21) 8901-0932, pelo site www.etanol-ve.inee.org.br ou pelo email [email protected].