Reduzir o percentual do etanol à gasolina seria um retrocesso. “Até porque isso aumentará o consumo da gasolina, que já está sendo importada. Na verdade, o governo incentivou fortemente à venda de carros, sem estimular a produção de combustível”, defende o economista Adriano Pires. Já existem medidas para aumentar a oferta de gasolina. Agora o governo precisa incentivar o investimento em novas usinas e instituir o estoque regulador de etanol, uma velha reivindicação do setor sucroalcooleiro.
“As distribuidoras hoje ficam numa situação muito cômoda de simples intermediárias entre usinas e postos”, critica Pires. “Existe hoje uma sobra de gás natural. Com incentivo ao GNV, a demanda sobre álcool e gasolina seria menor”. Sem tais medidas, de nada adianta transferir a regulação para a ANP. Adriano Pires e Carlos Lopes acre ditam que o preço da gasolina tem que subir.
Sobretaxar o açúcar não é solução. “Essa demanda por açúcar é momentânea, devido a problemas na produção de outros países. Destinar toda a cana para o etanol não resolve o crescimento da demanda de combustível”, comenta Lopes. Segundo Renato Cunha, presidente do Sindicato das Indústrias do Açúcar e do Álcool (Sindaçúcar), mais de 55% da cana é destinada a produção de álcool. A Petrobras vem aumentando os investimentos em etanol e pretende elevar a sua produção de R$ 950 milhões para R$ 2,6 bilhões, em 2014. “O erro é a intenção de usar a estatal para regular os preços”, afirma Lopes. “Políticas intervencionistas demais só provocam alta de preços e falta de produto no mercado”, defende Adriano Pires.