O grupo de açúcar e álcool São Martinho aposta na cogeração de energia como mais uma forma de diversificar suas atividades. Recentemente, a companhia conseguiu a aprovação, no BNDES, de um financiamento para seu projeto de cogeração com bagaço de cana na usina localizada em Pradópolis (SP). Com essa diversificação, o grupo tem conseguido margens operacionais acima de 40%, resultado considerado muito bom.
O projeto de cogeração na Usina São Martinho, com uso do bagaço de cana, vai exigir investimentos de R$ 170 milhões, dos quais 80% serão financiados pelo BNDES. A unidade terá uma capacidade instalada de produção de energia de 40 megawatts.
Nesse caso, em vez de substituir as caldeiras existentes, que hoje produzem apenas energia para consumo da usina, a São Martinho decidiu in stalar mais duas caldeiras em uma usina termoelétrica a ser construída ao lado das caldeiras já existentes, aumentando a produção.
“Hoje vendemos nosso bagaço para terceiros, mas, a partir da safra 2013/14, começaremos a produzir energia também na Usina São Martinho”, disse Fábio Venturelli, presidente do grupo São Martinho. Atualmente, o grupo possui cogeração apenas na Usina Boa Vista – que faz parte da joint venture firmada com a Petrobrás Biocombustível -, com capacidade instalada de 80 MW. O excedente para ser comercializado é de 63 MW.
Segundo Venturelli, os investimentos na nova unidade estão sendo feitos sem ter energia previamente vendida, mas a expectativa é de comercializar o produto no próximo leilão de energia alternativa, a ser realizado ainda neste semestre.
Químicos. A empresa, além dos investimentos em cogeração, também tem voltado os olhos para produtos químicos elaborados com base nas moléculas de carbono contidas na cana-de-açúcar. Uma joint venture com a americana Amyris deve iniciar sua produção de farneceno, uma especiaria química feita da cana, na safra 2012/13. Com maior valor agregado, o produto – batizado de Biofene – já tem encomendas de várias empresas.
Em uma indústria ao lado da Usina Iracema, a São Martinho já fabrica o sal sódico do ácido ribonucleico (RNA), utilizado como realçador de sabor de alimentos. A expectativa é de que, no médio prazo, até 15% da produção de cana da São Martinho seja destinada para produção de especiarias químicas.
Ao lado da diversificação, o fato de as usinas do grupo não terem deixado de investir na lavoura de cana-de-açúcar, mesmo durante a crise financeira mundial, também contribuiu para o avanço da margem da empresa.