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Obama deixa expectativa de melhora nas relações

Muito além do impacto político, a visita do presidente dos EUA, Barack Obama, ao Brasil, no último final de semana, deixou como saldo assinatura de 10 acordos entre os dois países (ver arte ao lado). O principal deles é um novo passo para remoção de obstáculos em relações comerciais. Mas, apesar de mencionada em texto oficial, ainda não foi o momento de se discutir definitivamente o fim de barreiras tarifárias para o etanol nacional, por exemplo, e de subsídios financeiros, como aqueles concedidos pelo governo norte-americano aos produtores de algodão. Ambas as questões provocam distorções na concorrência de produtos brasileiros com os made in EUA.

Batizado de Acordo de Cooperação Econômica e Comercial (TECA, na sigla em inglês), será tocado por uma comissão, chefiada no Brasil pelos ministérios das Relações Exteriores e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Nos EUA, quem estará a frente é a United States Trade Representative (USTR), autoridade comercial daquele país. Os órgãos vão se encontrar uma vez por ano (ou quando for necessário). O diretor de relações governamentais da Câmara Americana de Comércio Brasil-EUA (Amcham-Brasil), Eduardo Fonseca, explicou que o principal avanço do TECA é reunir todas as discussões vigentes “debaixo de um mesmo guarda-chuva”.

“Hoje existem discussões entre o Ministério de Minas e Energia brasileiro e o Departamento de Energia, entre o MDIC e o Departamento Comercial norte-americano, dentre outros. Elas serão promovidas agora por um único grupo, o que deve gerar maior agilidade na tomada de ações”, acrescentou. Atualmente, na queda de braço entre os dois países na balança comercial, os EUA ganham de longe. Os brasileiros compram US$ 8 bilhões a mais do que vendem para os norte-americanos. O Brasil quer diminuir essa diferença abrindo mais espaço no mercado de lá para sucos de laranja, aço, etanol e carnes.

Os três primeiros são sobretaxados para entrar nos Estados Unidos, enquanto o quarto sofre sérias restrições sanitárias. Em comunicado oficial enviado por sua assessoria de imprensa, o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, comentou que “até os principais defensores da manutenção de pesados subsídios e elevadas tarifas, que tiram a competitividade do etanol brasileiro no mercado americano, já discutem abertamente um futuro sem esses apoios governamentais. A situação, como ela se apresenta hoje, não pode se prolongar pois gera impactos muito negativos para todos os envolvidos”.

Ao discursar no último sábado para 400 empresários, o presidente Barack Obama disse que nunca houve momento tão promissor para o Brasil. Os indicativos disso foram a retirada de milhões de pessoas da pobreza e a colocação de quase metade da população na classe média. Obama disse ainda que os EUA querem ser os “melhores fregueses” do petróleo do pré-sal. O petróleo brasileiro é mais atraente tanto do ponto de vista político (o País não está em guerra civil e não se envolve em confrontos internacionais), quanto do lado econômico (os navios petroleiros não precisam contornar a África, rota necessária para trazer petróleo do Oriente Médio, por exemplo).

De olhos bem abertos no pré-sal, os EUA querem não apenas comprar o produto das megarreservas brasileiras, mas se tornar importante fornecedor de máquinas e equipamentos para sua exploração. No final de maio, segundo informativo emitido pela Embaixada dos EUA no Brasil, o presidente Obama deverá enviar ao Brasil uma missão comercial para negócios na área de petróleo e gás.