Mercado

"Todos ganham" com remoção de barreiras comerciais nos EUA, afirma presidente da ÚNICA

E o Renewable Fuel Standard (RFS), conjunto de normas que regula a produção e utilização de biocombustíveis nos EUA e determina, entre outros aspectos, a utilização de 36 bilhões de galões de combustíveis limpos até 2022, garante a demanda de 15 bilhões de galões (56 bilhões de litros) de etanol de milho por ano.

Estes foram os argumentos utilizados pelo presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Marcos Jank, ao participar de um painel durante a Conferência Nacional de Etanol promovida pela principal entidade representativa dos produtores de etanol dos Estados Unidos, a Renewable Fuels Association (Associação dos Combustíveis Renováveis – RFA) em Phoenix, no estado americano do Arizona.

“A principal questão é que conco rrência dá resultados. O mercado para o etanol de milho ainda crescerá. Mas se a tarifa imposta ao etanol importado fosse abolida, americanos poderiam também ter acesso ao limpo e financeiramente mais acessível etanol de cana-de-açúcar. Consumidores e contribuintes serão beneficiados,” avalia Jank.

Nos EUA, as exportações de etanol combustível e para outros fins, somadas, totalizaram quase 400 milhões de galões (1,5 bilhão de litros) em 2010. As exportações para a União Européia (UE) triplicaram ao longo do ano que passou, com os exportadores americanos sendo beneficiados pelo incentivo fiscal de US$ 0,45 por galão (3,78 litros).

“O etanol dos EUA não é uma indústria nascente como se costuma dizer. Com o número de exportações subsidiadas crescendo, por que a indústria doméstica de etanol continua a pedir por barreiras comerciais? O livre comércio é uma via de mão dupla e a concorrência no mercado criará uma corrida para o futuro com biocombustíveis,” enfatizou Jank dian te de um público formado por produtores de etanol, especialistas em comércio e transporte e legisladores.

Livre comércio

O presidente da UNICA não foi o único a abordar o tema do comércio na conferência da RFA. Na segunda-feira (21/02), o professor Bruce Babcock da Universidade do Estado de Iowa, principal estado produtor de milho e etanol do país, afirmou durante um painel que a questão mais importante para a indústria de etanol este ano é o futuro da política fiscal de biocombustíveis. Isto porque a tarifa VEETC – que impõe um custo de US$ 0,54 por galão de etanol importado – expira no fim de 2011.

Em um estudo publicado em 2010, Babcock afirma que a produção de etanol nos EUA poderia crescer sem subsídios ou tarifas. Isto porque uma lei do Congresso – que define o mandato de uso de biocombustíveis nos Estados Unidos (Renewable Fuel Standard, RFS2) – já determina o uso de combustíveis renováveis como o etanol. Com isso, a demanda por etanol deve triplicar, pa ssando dos atuais 13 bilhões para 36 bilhões de galões por ano até 2022. Como resultado, a produção de etanol de milho continuaria aumentando para cerca de 14,5 bilhões de galões até 2014, mesmo sem subsídios ou tarifas.

“A alternativa seria simplesmente confiar no RFS para biocombustíveis convencionais,” afirmou Babcock. Marcos Jank também ressaltou que a demanda doméstica por etanol de cana no Brasil é muito grande e a previsão é de que continuará a se expandir. “O etanol de cana brasileiro não é uma ameaça para a indústria de etanol dos EUA. Vamos eliminar os subsídios e as barreiras comerciais e permitir que o mercado controle a oferta e demanda,” concluiu o presidente da UNICA.