
Conteúdo exclusivo da edição 360 do JornalCana (acesse aqui)
A Organização Internacional do Açúcar (ISO) projeta um superávit global de 1,625 milhão de toneladas para a safra 2025/26, que na Índia e em outros países começou em 1º de outubro.
A projeção da ISO reverte déficit estimado anteriormente e indicando um mercado apenas “modestamente confortável”.
Para 2024/25, o déficit mundial foi reduzido de 4,879 milhões para 2,916 milhões de toneladas após avanços na colheita de países do Hemisfério Sul.
A produção global deve atingir 181,77 milhões de toneladas em 2025/26, alta de 5,55 milhões t ante a safra anterior, puxada por recuperações na Índia, Tailândia e Paquistão.
O consumo deve alcançar 180,142 milhões t, avanço de 0,56%. A ISO lembra que o uso mundial já havia registrado recorde histórico em 2023/24, com 181,207 milhões t.
Apesar da reversão para superávit, os estoques permanecem apertados.
A relação estoque/uso deve cair para 52,74%, menor nível em nove anos, enquanto o estoque ajustado — descontadas perdas de refino — recua para menos de 43%, o piso em 15 anos.
Preços e Mercados Globais
Preços seguem pressionados
Em novembro, por exemplo, o preço médio do açúcar bruto (ISA) ficou abaixo de US$ 0,14/lb, atingindo o menor valor em 57 meses.
Entre agosto e outubro, a cotação recuou 9%, de US$ 16,74 para US$ 15,21 centavos/lb. Nos mercados domésticos, somente Índia e México registraram alta de 1% no período, enquanto o açúcar cristal brasileiro caiu para R$ 2.299/t, o menor nível em três anos.
A ISO mantém visão neutra para os próximos três meses, apoiada no superávit modesto, sazonalidade elevada e ampla disponibilidade exportável.
Impacto das Commodities
Cenário de commodities e o açúcar
Outras commodities ajudam a compor o ambiente baixista: o milho caiu para US$ 4,02/bushel, mínima de um ano; o cacau despencou 15,1%, para US$ 5.948/t; o Brent recuou para US$ 63,98/barril em outubro.
O dólar, por sua vez, perdeu força e caiu para 121 pontos no índice DXY, após ter atingido 130 em janeiro.
A ISO projeta exportações globais de 64,733 milhões de toneladas em 2025/26, ligeiramente acima da previsão anterior (63,890 milhões t) e da temporada passada. As importações devem somar 62,962 milhões t, abaixo das 63,768 milhões t projetadas em agosto.
Para a safra anterior, os dados mostram superávit comercial marginal de 227 mil toneladas, com 64,740 milhões t embarcadas.
Cenário do Etanol
Etanol cresce no mundo
A produção mundial de etanol fechou 2025 com 120,6 bilhões de litros, alta de 1,7% sobre 2024, enquanto o consumo sobe 2,6%, para 120,5 bilhões de litros.
Em uma revisão mais ampla, que inclui novos dados, a ISO também projeta avanço maior: 122 bilhões de litros de produção (+2,3%) e 121,7 bilhões de consumo (+3,3%).
Os Estados Unidos seguem líderes, com produção prevista recorde de 61,5 bilhões de litros.
O Brasil, ao contrário, deve cair para 32,7 bilhões de litros (ou 33,34 bilhões considerando revisões posteriores), abaixo de 2024, devido à priorização do açúcar.
A Índia registra a aceleração mais forte: de 7,2 bilhões para 9,5 bilhões de litros nas projeções tradicionais, e até 10,5 bilhões em cenários atualizados, impulsionada pelo uso crescente de grãos (mais de 60% da oferta) para atingir a mistura de 20%.
A Europa avança para 6,84 bilhões de litros, apoiada na expansão do E10. Vietnã e Indonésia implementam E10 e E5 em 2026.