
Conteúdo exclusivo da edição 360 do JornaCana (acesse aqui)
O Brasil deverá ter capacidade produtiva com condições de chegar a 50 bilhões de litros de etanol na safra 2034/35. Pouco mais da metade desse volume caberá ao bicombustível feito de cana-de-açúcar.
Já o milho deverá responder por pelo menos 25 bilhões de litros, estima a consultoria Datagro.
O montante feito do cereal, se confirmado, mais do que dobrará a oferta anual estimada em pouco mais de 10 bilhões de litros.
O avanço do etanol de milho reflete o crescimento das plantas produtoras. Hoje, 25 delas estão em operação, 18 outras estão em construção e outras 19 passam pela fase de projeto.
Assim que entrarem em operação, a consultoria estima que elas farão 11,14 bilhões de litros por ano.
Por ano, a projeção é de que as plantas de milho aumentem a produção em 3 bilhões de litros. Daí, a estimativa de 24,7 bilhões de litros em 2034.
Avanço de 266%
O crescimento do etanol de milho pode ser exemplificado em Goiás, estado da região Centro-Oeste que ‘domina’ a produção a partir do cereal.
Segundo o portal Mais Goiás, em menos de uma década a produção de etanol a partir do cereal cresceu em 266%.
A informação integra o Levantamento Agro em Dados. Na safra 2018/19, por exemplo, o milho respondia por 3,9% da fabricação de etanol no estado.
Em 2025, a expectativa é de que suba para 14,3% de participação.
Em termos nacionais, o cereal, que representava 2,4% da produção de etanol, na safra 2024/26 foi para 21,1% de participação.

Safrinha e Produção de Etanol de Milho
Safrinha do cereal ajuda a explicar salto produtivo
O crescimento da produção de etanol de milho está diretamente ligado à expansão da segunda safra do cereal — a chamada safrinha.
Esse avanço ocorre sobretudo no Centro-Oeste, onde as usinas mantêm operação durante todo o ano.
Além do etanol, o processo produtivo gera subprodutos valorizados, como ração animal e óleo, o que amplia os benefícios econômicos para diferentes regiões do país.
Recentemente, o potencial da safrinha brasileira foi reconhecido pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), que passou a considerá-la como fonte importante para a produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, na sigla em inglês).
O reconhecimento abre caminho para ampliar a oferta de SAF e inserir o Brasil com mais força no mercado global de soluções de baixo carbono para o setor aéreo.
consolidação do etanol de milho também está alinhada às políticas públicas do Ministério de Minas e Energia (MME) para ampliar o uso de biocombustíveis no país.
A evolução para o E30 — mistura com 30% de etanol na gasolina, em vigor desde agosto deste ano — tem potencial para impulsionar ainda mais a demanda pelo produto e atrair investimentos que ultrapassam R$ 10 bilhões para a cadeia produtiva do biocombustível.
Neste ano, a expectativa é que o etanol de milho alcance 23% de participação da produção total, destaca o Balanço Energético Nacional (BEN) de 2025, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério da Agricultura.

Venda de Gasolina C e Etanol Anidro
Em alta, venda de gasolina C puxa o etanol anidro
As vendas de gasolina C (que integra 30% de etanol anidro) deverão fechar 2025 com crescimento de 4,4%.
A estimativa é da StoneX, empresa global de serviços financeiros, que mantém suas projeções de expansão da demanda por combustíveis do Ciclo Otto em 60,8 milhões de metros cúbicos neste ano, volume que representa um novo recorde histórico da série.
“O consumo de gasolina C [segue ritmo forte], impulsionado pela competitividade do derivado fóssil em relação ao etanol hidratado”, explica a analista de Inteligência de Mercado, Isabela Garcia.
“Por outro lado, a demanda pelo etanol de cana tende a se retrair no curto prazo, mas as perspectivas para 2026 indicam espaço para recuperação, à medida que as condições de preço e renda melhorem”, complementa o analista de Inteligência de Mercado, Marcelo Di Bonifácio.
Para 2026, a StoneX prevê crescimento mais moderado da demanda do Ciclo Otto, estimando alta de 1,5%, para 61,7 bilhões de litros, o que representará mais um recorde histórico.
A consultoria aponta que os principais fundamentos de consumo no Brasil devem desacelerar em 2026, limitando o ritmo de expansão — entre eles, o arrefecimento do mercado de trabalho e a redução dos índices de confiança.
Nesse cenário, a expectativa é de recuperação gradual do consumo de etanol hidratado e estabilidade nas vendas de gasolina C, com o biocombustível voltando a se aproximar dos níveis observados em 2024.