O modelo flex como rota segura para o etanol de milho

A longevidade do etanol de milho no Brasil depende diretamente da adoção do modelo flex — usinas que integram a produção de etanol de cana, etanol de milho e açúcar no mesmo complexo.

Em recente entrevista para o Money Times, Werner Roger, CIO da Trígono Capital, disse que essa diversificação é o único caminho para reduzir o risco e garantir a longevidade do setor.

Sem a flexibilidade, parte do setor opera altamente exposta ao preço do milho e a choques de oferta.

 “Plantas exclusivamente dedicadas ao milho enfrentam um risco subestimado pelo mercado: uma frustração de safra no Brasil ou nos Estados Unidos pode disparar o preço do grão. Se o petróleo e o etanol não acompanharem essa alta, projetos puramente milho — especialmente os mais novos — podem sofrer perdas severas”, avalia Roger.

O modelo flex como solução para o risco do milho

O cenário de incerteza é reforçado por fatores como mudanças climáticas e o consumo global de proteínas, que influenciam a decisão entre plantar soja ou milho. Para Roger a falta de mecanismos de hedge de longo prazo com volume suficiente expõe ainda mais os projetos dependentes unicamente do milho.

Para o CIO da Trígono, é neste ponto que o modelo flex mostra sua força. Usinas capazes de alternar a produção entre açúcar, etanol de cana e etanol de milho têm maior capacidade de enfrentar:

  • Ciclos de preços: Alternam a produção para o produto mais rentável no momento.
  • Choques climáticos: Dependência reduzida de uma única matéria-prima.
  • Volatilidade: A diversificação geográfica e de commodities melhora o desempenho financeiro geral.

Roger cita a eficácia das alternativas regionais, como o etanol de trigo no Rio Grande do Sul, e modelos combinados de biodiesel e etanol de milho, como o da 3tentos.

Custos da biomassa aumentam a pressão

A pressão crescente dos custos de biomassa, como o cavaco de madeira usado na geração de energia e na secagem de grãos, é outro fator que reforça a necessidade de integração. No Paraná, por exemplo, o preço do m³ de cavaco saltou de R$ 60 em 2020 para R$ 300 em 2025, uma alta de 400%.

Grupos que utilizam biomassa integrada, gerando energia internamente, como a São Martinho, conseguem aumentar significativamente sua eficiência e rentabilidade. “O modelo flex não é apenas uma estratégia de commodities, mas também uma otimização energética e logística”, disse Roger.

Werner Roger reconhece que o ciclo atual ainda favorece o milho. No entanto, ele enfatiza que o cenário pode virar caso o açúcar suba e o milho fique mais caro.

BioMilho Brasil 2026

Em fevereiro do próximo ano, o JornalCana promove o “BioMilho Brasil 2026”. O evento irá traçar um mapa estratégico que conecta a cadeia do milho às usinas e agroindústrias. Um encontro para se aprofundar e atuar com estratégia nesse mercado, que segue crescendo e revolucionando o modelo bioenergético brasileiro.