Imagem: Divulgação/Cetesb
Imagem: Divulgação/Cetesb

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) firmaram, nesta terça-feira (4), um acordo de cooperação técnica que inaugura uma nova etapa na relação entre o setor sucroenergético e a gestão ambiental paulista. O objetivo é modernizar práticas, reduzir impactos ambientais e ampliar o uso energético de subprodutos gerados pelas usinas.

A assinatura ocorreu durante o Summit Agenda SP + Verde, promovido pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), no Parque Villa-Lobos, e marca um avanço na agenda de transição energética, com foco em inovação, economia circular e eficiência regulatória.

“O setor sucroenergético é uma peça-chave da transição energética no estado de São Paulo. Essa parceria é um marco no diálogo entre a Cetesb e a indústria, para que possamos estabelecer mecanismos mais modernos, seguros e alinhados com as melhores práticas internacionais”, afirma Thomaz Toledo, diretor-presidente da Cetesb.

Da vinhaça à energia limpa

Um dos eixos centrais do acordo é o aproveitamento de subprodutos da cana-de-açúcar — como a vinhaça, resultante da destilação do etanol, e o Combustível Derivado de Resíduos (CDR), produzido a partir de sobras agrícolas e industriais.

Atualmente, parte desse material ainda é tratada como resíduo, com uso restrito ou custos elevados de descarte. A nova diretriz busca transformar esse passivo em ativo, estimulando a geração de energia renovável e fortalecendo a economia circular. Com parâmetros técnicos definidos pela Cetesb, as usinas poderão gerar eletricidade ou calor a partir desses subprodutos, ampliando eficiência e sustentabilidade.

Parceria UNICA e Cetesb

Evandro Gussi, presidente da UNICA, destaca que a cooperação moderniza o ambiente regulatório do setor. “Esta parceria é um passo importante para fortalecer a agenda ambiental e energética do setor sucroenergético paulista. Ao modernizar parâmetros, ampliar o aproveitamento de subprodutos e avançar em capacitação técnica, criamos bases sólidas para produzir mais, com ainda mais sustentabilidade. O diálogo técnico e transparente com a Cetesb reforça a confiança mútua e garante segurança regulatória para que o setor continue contribuindo de forma decisiva para a transição energética e para os compromissos ambientais do país”, afirma.

Outro desafio enfrentado pelo acordo é o aprimoramento do controle da carga difusa, forma de poluição que atinge rios e aquíferos de maneira indireta, por infiltração de fertilizantes e resíduos agrícolas. A partir da cooperação, equipes técnicas da Cetesb e da UNICA revisarão parâmetros e proporão novas orientações para o uso de água residual tratada, como o esgoto reprocessado, na irrigação de lavouras. O objetivo é ampliar o reaproveitamento hídrico de forma segura, garantindo proteção das águas subterrâneas e superficiais e reduzindo o consumo de água potável no campo.

Formação e Capacitação

Formação e capacitação

O acordo também prevê ações voltadas à formação profissional de engenheiros, gestores e técnicos do setor. A Escola Superior da Cetesb será responsável por oferecer um curso de capacitação em licenciamento ambiental, com foco na atualização de conceitos e na aplicação prática das normas.

O programa tem como objetivo ampliar o entendimento sobre a legislação ambiental, disseminar boas práticas e fortalecer a segurança jurídica na relação entre as empresas e o órgão licenciador. A primeira turma será lançada na data de assinatura do acordo.

O acordo terá vigência inicial de 12 meses, podendo ser prorrogado mediante interesse das partes. Um Comitê Técnico de Cooperação, com representantes da Cetesb e da Única, será responsável por acompanhar a execução, avaliar os resultados e propor novos planos de trabalho.