
Em meio à exigências legais cada vez mais rigorosas, o setor bioenergético desenvolve solução para transformar riscos em performance.
Todos os dias, milhares de caminhões de cana trafegam pelas estradas brasileiras, cruzando com outros veículos, máquinas e equipamentos agrícolas. Do campo à usina, cada trajeto é um desafio onde qualquer desvio, atraso ou falha pode representar prejuízo, acidentes ou perda de produtividade.
Esse é o cotidiano das logística agrícola — um cenário onde eficiência e segurança precisam coexistir, e onde o transporte deixou de ser apenas um elo logístico para se tornar um diferencial competitivo.
Diante dessa realidade, usinas e produtores têm buscado soluções que unam tecnologia, rastreabilidade e conformidade legal. O objetivo vai muito além da produtividade: é garantir que cada veículo opere dentro das normas de segurança viária, ambiental e trabalhista, assegurando continuidade operacional e reputação institucional.
Nos últimos anos, a fiscalização sobre o transporte agrícola se intensificou, sobretudo em regiões de Minas Gerais, São Paulo e Goiás, onde o fluxo de caminhões canavieiros convive com comunidades rurais e rodovias de uso misto. Nesse contexto, cumprir as normas deixou de ser apenas uma obrigação regulatória e passou a representar uma vantagem estratégica — reduzindo custos, prevenindo acidentes e fortalecendo a imagem corporativa das empresas do setor.
O marco regulatório e a urgência da inovação
Em Minas Gerais, esse movimento ganhou força. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) passou a exigir a Autorização Especial de Trânsito (AET) para veículos com dimensões ou pesos acima dos limites legais, medida que garante tanto o cumprimento da lei quanto a segurança nas rotas críticas.
A criação da Agência Reguladora de Transportes de Minas Gerais (ARTEMIG) e o novo Sistema de Infraestrutura de Transportes (Lei 25.235/2025) consolidaram o avanço do Estado em direção a uma política de transporte mais segura e sustentável.
Esses instrumentos estabeleceram parâmetros para o uso de sistemas de rastreabilidade e telemetria embarcados, incentivando a adoção de tecnologias capazes de monitorar em tempo real o comportamento da frota, otimizar rotas e prever falhas antes que causem prejuízos.
Manuais do DNIT/IPR também reforçam essa tendência, ao recomendar o uso de rotogramas de risco — mapas que indicam trechos críticos, pontos de parada e variáveis de tráfego —, recurso que se tornou essencial para operações agrícolas complexas.
Legislação em foco — Minas Gerais (BOX)
- DER-MG exige AET para veículos fora de padrão;
- ARTEMIG define normas técnicas e fiscaliza transporte;
- Lei 25.235/2025 reforça a rastreabilidade e a gestão inteligente de frota.
AxiAgro e a transformação digital no transporte agrícola
Foi nesse ambiente de crescente exigência técnica e regulatória que o AxiWays, da plataforma AxiAgro, começou a se destacar em razão dos resultados apresentados. Conhecido como o “Waze do campo”, pois possui as mesmas facilidades daquele app, como apontar a rota mais adequada, identificar os riscos e pontos de atenção no trajeto e emitir alertas sonoros e visuais, acompanhados de voz humana para garantir atuação imediata por parte de motoristas e operadores.
O sistema integra todas as etapas logísticas do Corte, Transbordo e Transporte (CTT) e do Corte, Carregamento e Transporte (CCT) entre campo e usina, criando uma rede digital que conecta motoristas, gestores e dados operacionais em tempo real.
Quando a tecnologia atende a necessidade
Caso de sucesso em Bambuí (MG)
Na prática, a transformação já é visível. Em Bambuí (MG), uma das usinas pioneiras na adoção do sistema integrou o Rotograma Inteligente AxiWays ao seu CTT, elevando o patamar de segurança e eficiência do transporte canavieiro.
Sob a liderança de Antônio Serafim Coelho, diretor agrícola, a usina enfrentava desafios recorrentes: atrasos, falhas de trajeto, incidentes evitáveis e falta de previsibilidade no transporte. Antes da digitalização, o controle era feito em planilhas e relatórios manuais — dados reativos, que chegavam quando o problema já havia acontecido.
“A decisão de implantar o sistema veio da necessidade de ter mais controle sobre nossa frota e tornar a operação mais segura”, explica Coelho. “Antes, dependíamos de informações que chegavam depois do fato. Com o Rotograma Inteligente AxiWays, conseguimos acompanhar tudo em tempo real e agir de forma preventiva.”

O impacto foi imediato. A ferramenta passou a monitorar cada caminhão, cada rota, cada desvio de padrão, emitindo alertas automáticos em casos de frenagem brusca, excesso de velocidade ou paradas e trajetos fora do previsto.
“Além do alerta imediato ao motorista, essas informações nos permitem intervir no momento certo e planejar rotas mais inteligentes”, completa o diretor. “O resultado é uma operação mais eficiente, segura e previsível.”

Renato Nunes de Souza e Branco Meirelles
Resultados e Futuro da Logística Bioenergética
Resultados mensuráveis e transformação cultural
Os números mostram o alcance da mudança:
- Acidentes por falha de trajeto: de 4 por ano para 0
- Eventos de excesso de velocidade: de 76 para 9
- Trechos críticos identificados e corrigidos: 87
- Desvios de Rotas: Redução de 90%
- Tempo médio de resposta a incidentes: 3 minutos
- Satisfação com segurança das rotas: de 58% para 94%
- Cumprimento das velocidades seguras: de 68% para 96%
“No início, havia certa apreensão por parte dos motoristas quanto ao novo sistema”, relembra Coelho. “Hoje, todos entendem que o sistema é um aliado. Ele protege e facilita o trabalho, além de dar transparência à operação.”

O maior diferencial, segundo ele, está na integração entre planejamento, execução e análise — a tríade que define uma gestão verdadeiramente inteligente. “O AxiWays é simples, ágil e confiável. Ele conecta segurança e logística de forma prática, permitindo uma visão 360º da operação.”
Do reativo ao preditivo: o futuro da logística bioenergética
O coração do sistema está no Rotograma Inteligente, que traduz dados operacionais em decisões estratégicas. Com visualização em tempo real, alertas automáticos e relatórios dinâmicos, a ferramenta transforma o transporte de cana em um processo seguro, sustentável e inteligente. “Planejamos e ajustamos rotas com base em dados, não em suposições. Antecipamos gargalos e mantemos o fluxo contínuo da operação”, reforça o diretor agrícola.
A evolução da logística agrícola segue, agora, para um modelo preditivo, em que algoritmos e análises de comportamento permitem prever ocorrências antes que impactem a produção. O transporte deixa de ser apenas um custo operacional e passa a ser um ativo estratégico.
“Com tudo conectado e inteligente, a operação se torna mais segura, produtiva e confiável, beneficiando toda a equipe e a empresa”, conclui Antônio Serafim Coelho.
Com os resultados alcançados, a Bambuí inscreveu o projeto no Prêmio MasterCana Brasil 2025, não como inovação tecnológica e sim como case de Saúde e Segurança no Trabalho, e, sendo escolhida pelo Júri da premiação, recebeu o troféu no último dia 21 de outubro em São Paulo.

AxiAgro: Casos de Sucesso e Inovação no Setor
O exemplo do Nordeste
Os investimentos em Rotograma Inteligente vêm apresentando resultados também para as usinas do Grupo Santo Antônio, com unidades em São Luiz do Quitunde e na matriz de Camaragibe, no estado de Alagoas.
Lá, a implantação do AxiWays ocorreu no ano passado, com foco na segurança e na exatidão do cumprimento das rotas, minimizando desvios do caminho, perdas de tempo e riscos de acidentes em estradas rurais não sinalizadas.
“Mesmo operando em ambientes hostis, a tecnologia garante funcionalidade contínua, mesmo em áreas sem cobertura de rede móvel (sinal de celular) ou GPS instável, devido à sua capacidade de armazenamento e processamento interno de dados georreferenciados”, destaca Roderick Silva, Analista de Sistemas/COA do Grupo.
“No caso do nosso Grupo, adquirimos não apenas o AxiWays, mas toda a plataforma de apontamento, telemetria e inteligência artificial da AxiAgro, que integra nossas operações de logística, balança e boletim de operadores, já integrado ao sistema GATEC, permitindo assim uma melhor gestão agrícola e, com isso, possibilitando uma redução nos custos de todo o processo”, explica Roderick.
O case de sucesso do Grupo Santo Antônio, inclusive, foi premiado como “Usina do Ano” nos eventos Brasil e Norte-Nordeste do Prêmio MasterCana 2024.

Inteligência revoluciona operações em usina do Paraná
Outra usina premiada pelo uso da tecnologia no MasterCana Brasil 2025 é a Usiban, localizada no município de Bandeirantes – PR.
A Usiban vem investindo fortemente em inovações tecnológicas e inteligência para otimizar a performance das operações agrícolas, incluindo equipamentos e equipes. A implantação da plataforma AxiAgro permitiu um controle integrado em tempo real das operações agrícolas, visando maior rendimento operacional desde os tratos culturais e o preparo do solo até a colheita.
“Estamos experimentando uma verdadeira revolução com as tecnologias agrícolas da AxiAgro. Elas nos proporcionam melhor controle da produção e produtividade, qualidade, credibilidade das informações e conferências. A AxiAgro tem sido um grande parceiro na mudança de cultura com as novas ferramentas”, afirmou Eric Grava, Gerente de TI.
O rotograma AxiWays e as inteligências implantadas na logística e nos processos de colheita permitiram a otimização do uso das placas de localização das frentes, garantindo segurança e melhoria das rotas.
“Vale destacar que, com a implantação do processo automatizado na colheita utilizando CBI da AxiAgro, conseguimos receber em tempo real todos os alertas (paradas, motor ocioso, velocidade, RPM etc.), sendo que a geração do Certificado de Campo (Ordem de Transporte) é realizada pelas coordenadas geográficas do local em que a colheita está sendo feita, utilizando o shape da área”, explica José Leandro, Gerente Agrícola.
“Os dados são transmitidos para o COA (Centro de Operações Agrícolas) por meio de conexão Starlink, instalada individualmente em cada colhedora. Nossa colheita é terceirizada, e o uso das ferramentas da AxiAgro nos trouxe segurança e controle em nosso processo”, complementa José Leandro.

Confira vídeo da Usiban:
Hoje, o que se vê é uma nova cultura no campo: tecnologia e conformidade caminhando juntas, gerando resultados concretos e um novo padrão de excelência para o setor bioenergético.
“Com o AxiWays, as decisões passam a ser guiadas por dados reais, e não por processos ultrapassados’, afirma Ângelo Barboza, coordenador comercial da Pró-Usinas, que representa a AxiAgro.
Além da Bambuí, da Usiban e do Grupo Santo Antônio, dezenas de empresas do setor já incorporaram a tecnologia para otimizar a segurança e a performance de suas operações.
Por Leila Alencar Monteiro de Souza – jornalista especializada em bioenergia e agronegócio.