Usinas aceleram a revolução regenerativa

A mesa redonda “Compartilhando Lições Aprendidas na Jornada dos Bioinsumos encerrou o primeiro dia do CANABIO25 com um debate rico em dados, resultados e perspectivas para o futuro da cana regenerativa. Mediado por Mario Dias da Costa Filho, gerente sênior de Desenvolvimento Agronômico Corporativo da bp bioenergy, o painel reuniu representantes da Atvos, Tereos e Bunge —  usinas que estão transformando teoria em prática e levando o uso de bioinsumos à escala industrial.

Agricultura regenerativa em ação

Abrindo o painel, Mário Dias ressaltou que o CANABIO se consolidou como o ponto de convergência das novas práticas agrícolas. “Estamos num momento desafiador, com preços e custos pressionando o setor. Mas é nas crises que surgem as oportunidades — e o CANABIO mostra o quanto o setor tem capacidade de inovar e se reinventar”, afirmou.

Segundo ele, a bp bioenergy vem expandindo o uso de tecnologias regenerativas, integrando compostagem, biológicos e manejo de solo a larga escala. “O desafio agora é levar essas práticas a dezenas de usinas, com padrão técnico e retorno comprovado. É isso que cria valor de verdade”, completou.

Bunge integra biológicos em todas as etapas

Aloísio Meloni, da Bunge, revelou que os biológicos já fazem parte de praticamente 100% das operações agrícolas da companhia. “Usamos bioinsumos no plantio, nos tratos culturais e nas soqueiras. A torta de filtro enriquecida com fosfato natural reativo é nossa base, complementada por vinhaça e aplicações foliares com aminoácidos e algas”, explicou.

A Bunge também vem reduzindo expressivamente o uso de nitrogênio químico. “Hoje trabalhamos com 0,4% via ureia, enriquecido na vinhaça. Mesmo com essa redução, mantivemos o vigor dos canaviais. A diferença está na qualidade do solo e no equilíbrio biológico construído ao longo dos anos”, destacou Meloni.

Controle biológico consolida-se nas usinas

O debate também destacou o crescimento do controle biológico como parte essencial da agricultura regenerativa.
Na Tereos, os biofungicidas já cobrem 77 mil hectares, com ganho médio de 4,4 toneladas por hectare em áreas testadas.
Na Bunge, fungos entomopatogênicos como Beauveria, Metarhizium e Isaria são aplicados em 100% das soqueiras.
E na Atvos, o uso de tricogramas e armadilhas reduziu as infestações de broca para níveis inferiores a 2%.

“Esses resultados mostram que o biológico veio para ficar. Não é mais um complemento, é parte da rotina de produção”, resumiu Mário Dias.

Um novo patamar de colaboração

Encerrando o painel, os participantes foram unânimes em afirmar que a transformação regenerativa exige integração entre pesquisa, indústria e capacitação técnica. “A agricultura regenerativa não é conceito — é realidade operacional”, disse Mário Dias. “O mais importante é o espírito de colaboração entre usinas, produtores e especialistas. É isso que vai acelerar a revolução regenerativa no campo.”