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Exportações de etanol devem ter nova redução em 2011

O setor de etanol prevê a terceira queda consecutiva no volume de exportações este ano, causada principalmente pelos baixos valores oferecidos pelo produto. Segundo especialistas, o volume total exportado até este mês está abaixo dos 2 bilhões de litros, ante os 3,3 bilhões exportados em 2009, e os 5,1 bilhões de 2008. Para o Cepea, a tendência indica que em 2011 os volumes serão ainda menores.

Para Arnaldo Luiz Correa, diretor da Archer Consulting, o Brasil está produzindo atualmente cana-de-açúcar suficiente apenas para o seu consumo interno e para exportação de açúcar, deixando o etanol em segundo plano. “O exterior não está pagando o preço justo do nosso etanol, e é claro que com isso os produtores preferem manter o produto no mercado interno que remunera melhor”, comentou Correa.

Além disso, Correa foi categórico ao afirmar que o País verá níveis ainda menores tanto na produção quanto na exportação do etanol, já que o açúcar além de remunerar melhor, obteve resultados interessantes nas exportações deste ano. “Não tenho dúvida que as exportações de etanol irão cair em 2011, a níveis baixíssimos. Nós não iremos exportar etanol, se o preço do País é melhor. Para se ter uma ideia, em setembro deste ano a média de preço para exportar era de R$ 0,83 centavos o litro, o custo era de 0,95, com isso o produtor não vai importar”, garantiu.

No ano passado a proporção de produção de açúcar e etanol, era de 43% para o açúcar e 57% para o etanol, que neste ano passou para 45% açúcar e 55% etanol. Para a pesquisadora do Cepea, Miriam Bacchi, compensa muito mais vender açúcar do que etanol, no entanto não é tão simples transformar uma usina, para que ela produza ainda mais o açúcar. “Existem restrições técnicas dentro de uma usina, não adianta pensar que se o açúcar está pagando mais dá para produzir mais do dia para a noite. Além disso, as nossas usinas estão trabalhando quase na sua capacidade máxima. Dá para aumentar a produção de açúcar mais demora”, disse Miriam.

Miriam também contou que além dessa dificuldade muitas unidades produtoras de etanol têm contratos firmados com grandes distribuidoras, no qual existe a responsabilidade de um volume de entrega. “Muitas unidades produtoras têm contratos de volume com distribuidoras de etanol, e o setor pretende manter a sua credibilidade, pois se ele não tiver isso no mercado interno, no externo também não terá. Então a imagem do setor é muito forte e muito importante”, garantiu.

Para reduzir tanto o problema dos preços do combustível no mercado interno, quanto o aumento das exportações, ambos acreditam que a importação do etanol de milho pode ser uma boa saída a curto prazo, que acarretaria na valorização do etanol brasileiro. Segundo Correa, uma outra medida é o investimento para que a produção brasileira salte de 630 milhões de toneladas de cana, que a previsão deste ano, para 685 milhões em 2011. “Vamos precisar mais cana para o ano que vem, no meu cálculo iremos precisar de mais 55 milhões de toneladas de cana, o que traria custos superiores a US$ 35 bilhões, tanto em usinas, quando em áreas”, finalizou ele.

Estados Unidos

Apesar do nível de exportação do Brasil estar em baixa, as conversações com os americanos, visando derrubar as altas taxas para a entrada do etanol brasileiro no país continuam fortes, confirmou o Cepea. Já em relação a mistura de etanol na gasolina comercializada naquele país dos atuais 10% para 15% não irá alterar o quadro em termos de exportações de etanol brasileiro para os EUA, afirmou a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Para ela, ainda existem diversos desafios ligados tanto a esta decisão, quanto à própria entrada do etanol brasileiro naquele país, e isso não será decido agora.

O setor de etanol prevê a terceira queda consecutiva do volume de exportações este ano, causada principalmente pelos baixos preços do produto. O volume total exportado até este mês está abaixo dos 2 bilhões de litros, ante os 3,3 bilhões exportados em 2009, e os 5,1 bilhões em 2008. A tendência indica que em 2011 os volumes serão ainda menores. Para Arnaldo Luiz Correa, “o exterior não está pagando o preço justo pelo nosso etanol, e com isso os produtores preferem manter o produto no mercado interno”.

Daniel Popov