Mercado

Preço eleva produção de açúcar na safra 2011/12

A produção de açúcar deverá ser priorizada pelo setor sucroenergético durante a próxima safra (2011/2012), que tem início em abril do ano que vem. De acordo com Plínio Nastari, presidente da Datagro, consultoria de açúcar e álcool, os produtores deverão reagir aos melhores preços do açúcar. “Enquanto os preços do etanol no mercado interno possuem limite de crescimento, que é a sua paridade com os preços da gasolina, as cotações do açúcar estão livres para subir”, explica. Segundo Nastari, os preços do etanol ao produtor já superam os registrados na safra anterior. “Nos últimos meses, a alta está sendo mais acelerada que o verificado no ano anterior”, disse.

O sentimento é de que as cotações subam até a sua paridade com a gasolina. “O consumo mensal de etanol deve recuar em relação ao registrado no ano passado”, avaliou. Os preços mais remuneradores para o produtor são reflexo da maior capitalização do setor, através das exportações de açúcar, que criaram condições para que os produtores pudessem armazenar mais etanol. Além disso, a criação dos agentes de comercialização permitiu que usinas mais capitalizadas comprassem o produto de outras em dificuldades, impedindo que uma grande quantidade de etanol chegasse ao mercado.

Segundo o consultor, embora menos cana esteja sendo direcionada para a produção de etanol na safra atual, o abastecimento está garantido nos meses de entressafra devido, em parte, aos estoques que estão sendo feitos neste momento.

“O setor terá estoques razoáveis no final da safra 2010/11”, disse ele. Para a Datagro, 56,9% da cana do Centro-Sul foi direcionada para a produção de cana, ante 57,4% na safra passada.

O mix do açúcar cresceu, no período, de 42,6% para 43,1%.

O consultor Plínio Nastari disse também que as exportações de etanol devem voltar a crescer a partir de 2012, principalmente para os Estados Unidos. “Neste ano, os Estados Unidos estavam com excedente, e até exportaram o produto. No próximo ano, o Brasil terá pouco excedente exportável, mas em 2012 o cenário será mais construtivo para a exportação”, disse Nastari.

ESTRANGEIRAS. A participação de empresas estrangeiras no setor sucroenergético deve atingir 37% até 2015, de acordo com estimativa da Datagro Consultoria. O presidente da empresa, Plínio Nastari, diz que atualmente a participação dos estrangeiros é de 23,3%. “O aumento da participação está vinculado ao movimento de consolidação que o setor enfrenta no momento”, disse. Segundo ele, este é um processo benéfico, que deixa o setor mais eficiente. Ele afirma também que o fato de os estrangeiros estarem procurando o setor é um sinal positivo de que eles enxergam nesta área pouca intervenção do governo. “A vinda de estrangeiros já aconteceu no sistema bancário, no setor de alimentos, de mineração.

Este movimento revela que o Brasil está inserido no capital mundial”, diz.

Segundo Nastari, o crescimento da participação dos estrangeiros acontecerá tanto pela expansão das empresas estrangeiras que já estão aqui quanto através da entrada de novas companhias, interessadas no setor. “Não haverá, contudo, aquele efeito manada registrado em 2006, quando uma quantidade expressiva de empresas veio para o setor. Será uma entrada mais seletiva”, disse.

O consultor não espera, contudo, que o setor volte a investir em expansão de forma expressiva no curto prazo. “A valorização do real ante o dólar elevou o custo de construção de uma usina a partir de um projeto greenfield”, disse. A expectativa é de que em 2011/12 cerca de 10 usinas entrem em operação ante 12 usinas na atual safra e 35 usinas há dois anos.