Mercado

Futuro do etanol é promissor, mas há obstáculos a enfrentar

Mesmo com a recente descoberta de jazidas de petróleo não exploradas, o fato é que o petróleo é um recurso escasso, e o Brasil saiu na frente na produção de combustíveis alternativos, com o etanol encabeçando a lista.

A produção do combustível começou a ser incentivada em larga escala a partir do Proálcool, em 1975.

Desde então, houve uma época em que os carros movidos a etanol chegaram a fazer sucesso, mas a produção do combustível no Brasil sempre esteve, até recentemente, mais direcionada à complementação da gasolina.

Graças à proliferação dos carros bicombustíveis, especialmente a partir de 2004, a produção de etanol deslanchou no país.

Em 2006, o Brasil produziu 15,9 bilhões de litros de etanol. Já em 2009, essa cifra foi de 27,5 bilhões de litros. Ou seja, a produção cresceu 73% nesse período.

E o melhor, esse aumento não ocorreu à custa da redução da produção de açúcar.

Pelo contrário, ela cresceu 20%, passando de 25,9 milhões de toneladas em 2006 para 31 milhões de toneladas em 2009. Um salto e tanto, que permitiu ao Brasil se tornar o maior país produtor de cana-de-açúcar, superando a Índia.

Tais cifras sinalizam quão promissor é o futuro do setor.

Ainda assim, há desafios a serem enfrentados.

No mercado doméstico, a principal questão a ser solucionada refere-se às oscilações do preço do combustível entre os períodos de safra e de entressafra.

Contudo, o mercado em si é cativo e sua expansão é garantida pelo crescimento da frota de veículos, que está ocorrendo, em sua quase totalidade, calcada em veículos bicombustíveis.

No mercado externo, todavia, estão as maiores oportunidades e desafios.

A principal dificuldade enfrentada hoje pelo produto é a entrada nos mercados dos Estados Unidos e da União Europeia.

É que a imposição de tarifas torna o etanol brasileiro menos competitivo em relação ao produzido localmente, mesmo que a eficiência do brasileiro, derivado da cana-de-açúcar, seja muito maior que a do derivado de milho.

Já há propostas de um trabalho conjunto entre os dois maiores produtores mundiais de cana-de-açúcar (Brasil e Índia) para tentar negociar a redução dessas barreiras e tornar o etanol uma commodity global.

Seria uma alternativa sustentável de energia de baixo carbono em substituição ao petróleo. Mas ainda é preciso avançar nessa área.

Por fim, o maior desafio do setor é a geração de bioeletricidade, iniciativa incipiente que, se prosperar, pode realmente transformar o país num imenso tapete verde.

THAÍS MARZOLA ZARA é economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados e mestre em economia pela USP.