O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a provocar os Estados Unidos e cobrou o fim da tarifa de US$ 0,54 por galão do etanol exportado pelo Brasil ao mercado norte-americano. “A realidade vai obrigá-los, em qualquer momento, a ter de abrir para importar o álcool nosso”, disse Lula, durante cerimônia de inauguração de oito usinas termoelétricas a biomassa de cana-de-açúcar, ontem, em Barra Bonita (SP). A tarifa está prevista para ser extinta em 31 de dezembro deste ano, mas no Congresso dos Estados Unidos um projeto é avaliado para que a taxação seja mantida.
Lula ironizou ainda o uso do milho para a produção do álcool nos Estados Unidos, considerado bem menos eficiente que a cana-de-açúcar usada no país. “Milho a gente dá para galinha comer e para a galinha poedeira botar uns ovinhos; mas não pode dar muito milho para bode, porque ele estufa e morre”, brincou o presidente, arrancando risos da plateia. De acordo com Lula, a expansão dos mercados norte-americano e do europeu para o etanol brasileiro vai ampliar o parque de usinas no país e vai criar mais emprego para o setor.
No entanto, o presidente voltou a cobrar a requalificação do cortador de cana-de-açúcar, para que o emprego gerado no setor seja menos penoso e de melhor qualidade, diante do avanço da colheita mecanizada. “Vamos ter de criar outro tipo de serviços para vocês e não para o corte, que é desumano. Temos de dar condições para aprenderem outra profissão, em outra atividade e também não vamos precisar mais queimar cana, porque do ponto de vista ambiental não é correto e a palha será utilizada para energia elétrica”, defendeu Lula, dirigindo-se a um grupo de cortadores de cana da Usina da Barra, onde ocorreu o evento.
O presidente considerou “um marco para o governo, para empresários e para o setor de energia” a série de inaugurações de térmicas a biomassa ocorrida ontem. As oito unidades, todas em São Paulo, acrescentam 543 MW de energia alternativa ao sistema. Foram investidos, com recursos do Plano de Aceleração do Crescimento e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 900,4 milhões, dos quais R$ 853 milhões até 31 de dezembro deste ano. “A parceria construída entre empresários e o BNDES permitiu comemorar o fortalecimento das bioenergia da biomassa”, afirmou.