As usinas térmicas a biomassa representam hoje 6,6% da matriz energética do País. No sentido de priorizar essa fonte de energia, oito usinas termelétricas movidas a biomassa de canadeaçúcar foram inauguradas ontem em municípios paulistas com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Juntas, as oito usinas têm 543 megawatts (MW) de potência instalada e 194,6 MW médios de energia assegurada ao sistema elétrico. A Termelétrica Barra Bioenergia, em Barra Bonita, por exemplo, tem potencial para produzir energia elétrica para as residências de uma cidade com cerca de 1,2 milhão de habitantes.
A usina de Barra Bonita utilizará o bagaço da cana para a geração de eletricidade. Antes, o bagaço e a folha da cana-deaçúcar eram considerados rejeitos.
Para descartá-los, os usineiros costumavam queimar esse material, prática que provoca grande emissão de gases poluentes.
Nas usinas de biomassa, o que era considerado lixo passa a ser combustível para energia renovável com menor grau de emissões.
A inauguração das usinas foi simultânea e o presidente Lula participou da cerimônia ocorrida na cidade de Barra Bonita.
Em discurso, afirmou que as usinas representam grande passo rumo ao uso de energias mais limpas. “O Brasil é hoje o país do mundo que tem a energia mais limpa do planeta. Ninguém pode empinar o nariz para conversar com o Brasil sobre energia. Quando alguém quiser utilizar a expressão energia limpa, esteja onde estiver, em qualquer lugar do mundo, ele tem que olhar o mapa e saber que um país chamado Brasil não fala, faz aenergia mais limpa do planeta”, disse.
Além da usina em Barra Bonita, vão entrar em operação as plantas de Narandiba, Mirante do Paranapanema, Queiroz, Iacanga, Pitangueiras, Sebastianópolis do Sul e Cosmópolis. Os empreendimentos geraram aproximadamente 6 mil empregos diretos, com investimento total de R$ 993 milhões.
MECANIZAÇÃO. O presidente Lula disse durante o evento que a mecanização da cultura da cana de açúcar é “irreversível” e que os cortadores devem ser capacitados para atuarem em outras áreas que não o corte.
“Outro dia, numa feira agrícola, vi uma máquina que era capaz de realizar o trabalho de cem cortadores. Sei que isso deixa vocês apreensivos, mas o trabalho de corte é desumano”, disse o presidente, para uma plateia formada em sua maioria por cortadores de cana. Temos que assumir a responsabilidade de ensinar vocês a aprenderem uma profissão para ganhar mais do que ganham no corte de cana”, disse Lula, que também afirmou que a capacitação dos trabalhadores que devem perder seus empregos por causa mecanização da cultura deve ser feita pelo governo e pelos empresários do setor.
Durante a inauguração, empresários do setor sucro energético pediram ao presidente Lula para que use sua influência para pressionar os Estados Unidos a abandonarem sua política tarifária contra o álcool brasileiro.
Em seu discurso, Lula reiterou as vantagens do álcool brasileiro sobre o americano, feito a partir do milho. “Eles (os americanos) vão ter que utilizar o nosso álcool. Milho a gente dá para a galinha, para comer ela depois. O problema de usar milho como combustível é que ele encarece o preço da ração animal e o álcool americano custa três vezes o preço do nosso álcool “, disse.