
Artigo exclusivo publicado na edição 358 da revista do JornalCana
O cultivo de cana no Estado de São Paulo tem uma importância regional que impressiona. Segundo o Instituto de Economia Agrícola, em 12 regionais da CATI, a atividade responde por mais de 50% do Valor da Produção Agrícola regional, com cana liderando o VPA paulista. Onde cana está presente, a renda a sobe.
O volume anual de chuvas pode caracterizar um “ano bom ou ruim” para a agropecuária, ainda que a sua distribuição ao longo do ano, faz mais sentido e explica com grande assertividade a produtividade final, sendo o balanço hídrico a ferramenta mais precisa para esta avaliação. Um mesmo volume anual de chuva pode resultar em uma boa ou má safra, em duas culturas distintas em uma mesma região, como visto nos últimos anos com a cana e os citros.
Na FIGURA 1 está a relação entre as chuvas médias anuais no Noroeste Paulista e a produtividade média anual de diferentes regiões, incluindo as regionais de Araçatuba e São José do Rio Preto e analisando 2021, não há dúvidas, menor chuva – apenas 855 mm -, menor produtividade, mas, quando se olha para 2011, ao ano mais chuvoso, se percebe a segunda menor produtividade da série, exatamente pela variabilidade das chuvas, com 58% do total anual registrado entre janeiro e março. Entre 2004 e 2025 a produtividade média de cana foi 79 TCH em 160 usinas do Sudeste e Centro-Oeste. No Estado de São Paulo, 81 TCH, e nas regiões de José do Rio Preto e Araçatuba, 79 TCH. Em 2021, a média cai para 62 TCH, menos 21% e estas regiões, historicamente, são as que mais sofrem com a irregularidade das chuvas pelas maiores taxas de evapotranspiração e solos arenosos.

Irrigação e Produtividade
Sistemas de irrigação colocam com segurança 40 TCH adicionais à indústria destas regiões com um ganho de 51% sobre produtividades médias e esta é a forma mais comum de tratar financeiramente este investimento, considerando ainda no CAPEX, a renovação do canavial em 11-14 anos ao invés de 5-6 anos. Contudo, há um outro custo que raramente é considerado na análise, o da não irrigação, que avalia o quanto se perde quando não se atinge o esperado pela ausência de chuvas. Ou seja, se espera colher 79 TCH, mas colhe-se 65 TCH, e então 14 TCH deixaram de ser moídas, representando uma perda considerável de receita, que não acontece nas áreas de irrigação plena, que amplia a produtividade.
Investir em sistemas de irrigação exige planejamento, mesmo diante de secas recorrentes, e ainda da irregularidade das chuvas. Quatro em cada 10 anos tem seca caracterizada por mais dias sucessivos sem chuvas que a média histórica e em 2024, no Noroeste Paulista, foram 174 dias seguidos sem chuvas, elevando de 91 para 97 dias a média da região (FIGURA 2).
Chuva e a sua distribuição no tempo e evapotranspiração definem destinos da produtividade e o conhecimento e uso adequado destas variáveis é fundamental para o sucesso ou Euforia desta atividade fundamental para toda a sociedade.

Há inúmeras formas de apresentar estes dados, desde a caracterização climática e a variação temporal, até a frequência como se apresentam e assim diferentes usos são possíveis subsidiando decisões, mas o fundamental, é ter uma base de dados consistente para a assertividade das decisões, e para isso, investimentos no monitoramento climático sistemático tem que existir. Pluviômetros, dada a variabilidade espacial das chuvas, devem ter uma maior densidade nas áreas de produção, enquanto estações agrometeorológicas que estimam a evapotranspiração de referência podem representar extensões maiores de terras, em função da topografia de cada região.
Decisões Estratégicas na Agropecuária Irrigada
São quatro os passos que definem a agropecuária irrigada, desde o Desafio de decidir pelo investimento, a Ponte, que é quando se analisa os recursos naturais, energéticos e financeiros para definir o sistema de irrigação (irrigação plena ou de salvação) e a lâmina de projeto.
A escolha do sistema de irrigação deve se basear nos recursos naturais disponíveis (tipo de solo, disponibilidade e qualidade de água e clima), investimentos (CAPEX) e até a preferência e tradição do Irrigante, que em análise conjunta, fará a decisão pelo pivô central ou gotejamento para a irrigação plena. Escolhido o sistema de irrigação, o próximo passo é a definição da lâmina de projeto ou capacidade operacional, quando aspectos econômicos contrapõem investimentos e custeio, ou seja, quanto mais robusto o sistema, maior o investimento e por outro lado, menores serão os custos operacionais (OPEX), e vice-versa, quando a fonte de energia é a elétrica, com o sistema tarifário comportando três faixas de preços. Sistemas de irrigação mais robustos também trazem mais segurança hídrica à operação, facilitando a recuperação do armazenamento de água no solo. Esta fase se encerra com a Entrega Técnica.
O Grande Salto, é quando o Irrigante, conhecedor dos elementos climáticos (ETo), da fisiologia da planta e das demandas evapotranspirativas (Kc, ETc e ETa), da capacidade do sistema e do sistema tarifário, com sabedoria, consegue com o manejo adequado da irrigação, superar as expectativas de produção e chegar então, na fase da Euforia pelo resultado alcançado.
Uma vez equalizadas as diferentes propostas, a escolha final do sistema de irrigação deve ser feita em uma análise conjunta de vários fatores, começando pelos aspectos do projeto (bom ou adequado projeto, relação investimento versus custeio, respeito às bases hidráulicas), assistência técnica, garantia, idoneidade e proximidade da revenda, qualidade, tecnologia e solidez da empresa fabricante e finalmente o preço.
Contudo, mesmo sabendo que irrigar é preciso para a sustentabilidade do negócio de produzir alimentos e energia, alcançar a produtividade potencial depende de ações aplicadas ao solo, à planta e o manejo aplicado ao sistema de produção, e que nunca deve ser negligenciados.
São quatro os passos que definem a agropecuária irrigada, desde o Desafio de decidir pelo investimento, a Ponte, que é quando se analisa os recursos naturais, energéticos e financeiros para definir o sistema de irrigação (irrigação plenas ou de salvação) e a lâmina de projeto. A escolha do sistema de irrigação deve se basear em nos recursos naturais disponíveis (tipo de solo, disponibilidade e qualidade de água e clima), investimentos (CAPEX) e até a preferência e tradição do Irrigante, que em análise conjunta, fará a decisão pelo pivô central ou gotejamento para a irrigação plena, na irrigação de salvação, os carretéis enroladores.
Na hora de investir em um sistema de irrigação, uma vez equalizadas as diferentes propostas, a escolha final deve ser feita em uma análise conjunta de vários fatores, começando pelos aspectos do projeto (bom ou adequado projeto, relação investimento versus custeio, respeito às bases hidráulicas), assistência técnica, garantia, idoneidade e proximidade da revenda, qualidade, tecnologia e solidez da empresa fabricante e finalmente o preço.
Contudo, mesmo sabendo que irrigar é preciso para a sustentabilidade do negócio de produzir alimentos, mitigando as questões ligadas ao clima, pois água e fertilizantes são fatores que podem levar à produtividade potencial, alcançá-la depende de ações aplicadas ao solo, à planta e o manejo aplicado ao sistema de produção, e que nunca deve ser negligenciado.