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Moagem de usina é dúvida no setor

O esperado aconteceu. Apesar dos esforços de diretores e trabalhadores da Usina Laginha para reeguer o parque industrial, os efeitos da enchente que atingiu Alagoas em junho passado vão atrasar o início da moagem em pelo menos dois meses. Enquanto nas demais unidades produtoras do setor sucroalcooleiro do Estado, a abertura da temporada de safra está confirmada no calendário das próximas semanas, o clima na Laginha é de dúvida.

Se não houver linhas de financiamentos que ajudem a colocar o parque industrial em ordem, a tempo de moer a cana plantada este ano, o risco de perder a safra 2010/2011 é iminente.

A previsão da usina é de começar a moer em novembro mas, de acordo com a diretoria, a dificuldade de crédito especial, compatível com a situação vivida após a enchente, tem sido um nó emperrando a produção.

Enchentes destruíram estradas de escoamento

Quando fala em patrimônio, o diretor agrícola da Usina Laginha, Francisco Celestino, destaca que não se trata apenas de uma indústria a ser reerguida, mas da manutenção de uma unidade produtiva da qual dependem, direta e indiretamente, cerca de 15 mil pessoas, no período da safra. “As coisas nunca foram fáceis para o setor sucroalcooleiro mas, nesse caso, é uma situação mais que emergencial”, diz o diretor agrícola da Usina Laginha.

Além do prejuízo no parque industrial de algumas usinas, as enchentes também destruíram pontes em estradas vicinais usadas para o escoamento da produção, abriram crateras e desabrigaram trabalhadores, e todos esses transtornos, na avaliação do presidente do Sindicato dos Produtores de Açúcar e Álcool do Estado de Alagoas (Sindaçúcar), Pedro Robério Nogueira, tendem a aumentar os custos de produção em Alagoas, na safra que está começando.

Mesmo com crise, safra deve crescer

Em relação ao açúcar e ao etanol, segundo o presidente do Sindaçúcar, Pedro Robério, a previsão para o Estado é de um acréscimo em torno de 14% e 5%, respectivamente, em relação à safra passada (2009/2010).

De acordo com Robério, tirando o efeito catastrófico da enchente, as chuvas caídas na entressafra proporcionaram um desenvolvimento mais regular nos canaviais alagoanos.

As perspectivas em relação a esta safra projetam para uma produção de 26,6 toneladas de cana que, moídas, deverão produzir cerca de 2,4 milhões de toneladas de açúcar e 650 mil metros cúbicos de etanol.

Chuva fez estragos em algumas usinas, mas ajudou outras

A perspectiva da Usina Santo Antônio segue a tendência geral de crescimento em relação à safra passada. “Estamos com uma boa safra e com previsão de crescimento entre 8% e 10%, em relação ao ciclo anterior”, frisou o superintendente agrícola da Santo Antônio, Marcos Maranhão. Ele reforça a tese do Sindaçúcar, de que as chuvas que causaram destruição em alguns lugares favoreceram a produção da cana na região da usina, que também teve a área de plantio ampliada, alimentando as projeções otimistas.

Além disso, segundo Maranhão, começar mais cedo tem suas vantagens, e a mais importante delas é o preço do açúcar. “Nesse período em que muitas usinas ainda estão se preparando para começar, quem sai na frente pega um preço melhor”, diz ele.

Alagoas é o maior produtor do Nordeste

Levantamentos divulgados pelo Sindaçúcar, com base nos números da safra 09/10, encerrada em março passado, confirmam Alagoas na posição de maior produtor de cana do Nordeste, com 24,2 milhões de toneladas processadas, e a tendência é se manter nessa posição.

O segundo lugar é ocupado pelo Estado Pernambuco, que esmagou, na safra passada, 17,9 milhões de toneladas de cana, vindo, a seguir, na terceira posição, e a uma distância considerável, o Estado da Paraíba com 6,2 milhões de toneladas de cana moída, quase um quarto da cana processada em Alagoas.