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Embrapa e instituições norte-americanas definem cooperação em agroenergia

Durante dois dias 12 e 13, o líder nacional do Programa de Bioenergia do Serviço de Pesquisa Agrícola (ARS) do USDA, Robert Fireovid esteve visitando unidades da Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em Brasília com objetivo de estreitar relacionamentos de pesquisas na área de biocombustíveis.

Na quinta-feira pela manhã, organizada pela Embrapa Agroenergia e pelo Labex Estados Unidos, foi realizado o seminário “Pesquisas Atuais no ARS/USDA e Perspectivas da Bioenergia nos Estados Unidos”, com a participação de Fireovid e do pesquisador da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), César Miranda que, participando do projeto Labex, passou dois anos realizando pesquisas com biomassas energéticas naquele país. O Seminário foi realizado no Anfiteatro da Embrapa Estudos Estratégicos e Capacitação, e contou com a presença de cientistas de diversas unidades da Embrapa e de representantes do IICA e dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Ciência e Tecnologia.

“O grande desafio dos Estados Unidos é que hoje produzimos cerca de 50 bilhões de litros de biocombustíveis (etanol e biodiesel), com a necessidade de chegar a 136 bilhões em 2022, ou seja, um aumento de 86 bilhões, o que corresponde a 172% da produção atual”, disse o representante norte-americano na apresentação. Fireovid explicou que pela legislação americana em vigor, a maior parte desse aumento deve ser conseguida com combustíveis avançados e não com etanol produzido de milho, o que obriga a um intenso esforço para desenvolvimento de novas matérias-primas para produção de etanol e de biodiesel e também a melhorar os sistemas de produção para torná-los mais eficientes do ponto de vista de balanço energético e de emissão de gases do efeito estufa. “Por esse motivo, as pesquisas com produção de etanol a partir de capins, de resíduos agrícolas e de madeira são prioridade no programa de ARS”, salientou.

O ARS também estuda novos processos de conversão de biomassa em energia, e a integração e otimização dos já existentes, em biorrefinarias para aproveitamento de toda a matéria-prima e energia contidas na biomassa. No desenvolvimento de matérias-primas de interesse energético, o ARS desenvolve 26 projetos, enquanto em sistemas de produção e em biorrefinarias são executados, respectivamente, 26 e 18 projetos. Nesses 70 projetos, o ARS aplica diretamente US$ 34 milhões de dólares, não contando com as despesas de salários e pessoal.

O ARS tem cerca de cem centros de pesquisa distribuídos em todos os Estados norte-americanos e executa 26 projetos em desenvolvimento de matérias-primas, 26 em sistemas de produção de biomassa de interesse energético e 18 em biorrefinarias. Nesses 70 projetos, o ARS aplicará, em 2010, cerca de 34 milhões de dólares, não contando com as despesas de salários e pessoal.

O aproveitamento de diferentes tipos de capins para a produção de etanol celulósico também foi abordado por César Miranda. “Essas biomassas, como por exemplo, o capim-elefante, podem ser cultivadas em áreas que não são aptas para a cana-de-açúcar, têm alta produtividade e permitem diversos modelos de integração com a produção de alimentos”, explicou Miranda.

Para continuar a discussão a respeito da cooperação da Embrapa com instituições norte-americanas, foi realizada, na sexta-feira uma teleconferência com a Gerente do Programa de Biomassa do Departamento de Energia (DOE) dos Estados Unidos, Valerie Sarisky-Reed. Dessa teleconferência, além de Fireovid e Miranda, participaram Frederico Durães e Esdras Sundfeld, respectivamente Chefe-Geral e Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia. As discussões avançaram no sentido de identificar alguns centros de pesquisa nos Estados Unidos em que diversos assuntos de interesse mútuo estejam reunidos, de modo a estabelecer programa de capacitação de pesquisadores jovens da Embrapa nesses centros, tanto em áreas de pesquisa fundamental, quanto em pesquisas aplicadas. A definição desses centros deverá ser feita até ao final de agosto, quando uma nova teleconferência será realizada.

Durães mostrou-se muito confiante nas parcerias com as instituições americanas. “A busca por alternativas energéticas é de grande interesse mundial e os mercados demandantes por energia são balizadores quanto às alternativas de fontes e de formas de aplicação energética. As ações estratégicas público-privadas e a legislação norte-americana torna urgente a adoção de novas soluções técnicas e o Brasil avança rápido como um importante player neste mercado de conhecimento e de disponibilidade de energia de biomassa. “As parcerias com esses centros de pesquisa poderão acelerar o desenvolvimento de tecnologias inovadoras de grande impacto na produção de biocombustíveis no Brasil” concluiu o Chefe-Geral.