O excesso de água faz com que a cana cresça muito e concentre pouco açúcar. A deficiência hídrica, por sua vez, impede o desenvolvimento da planta e pode comprometer completamente a produtividade. Todos os produtores de cana reconhecem a importância da água para suas lavouras, mas poucos entendem quais aspectos devem ser estudados e levados em conta para que a falta ou o excesso de água não prejudique a produção.
O fator água influencia a plantação sob três formas: a água armazenada dentro do solo, a água que vai cair das nuvens e a água da irrigação. De acordo com o dr. Hélio do Prado, pesquisador de solos do centro de cana do IAC, a distribuição da água varia de acordo com o clima, o solo e as características da região. Por isso, é fundamental que o produtor adeque as técnicas de manejo à realidade do seu canavial.
Na Região Sul, por exemplo, o fator água é distribuído vários meses do ano sem muita seca definida, o que faz com que a cana cresça muito e até atrapalha, porque ela exige um período de seca pra concentrar açúcar. É diferente da Região Centro-Oeste, no Goiás, por exemplo, que é uma região mais seca, onde a cana obtém maior quantidade de açúcar. O Nordeste é um caso à parte, porque naquela Região o déficit hídrico é maior ainda, então o produtor precisa de qualquer maneira irrigar o solo — Explica o pesquisador que vai falar sobre esse mesmo assunto no IV Seminário Ambicana, que acontece no dia 18 de agosto, em Ribeirão Preto (SP).
Mais importante do que levantar informações sobre solo, clima e irrigação, o produtor deve ter noção da distribuição hídrica em sua propriedade. A matemática nem sempre é simples. Existem locais em que chove muito e a distribuição é pior do que áreas que são pouco afetadas pelas chuvas.
A questão não está na quantidade. Muitas pessoas erram ao fazer o cálculo somente a partir da quantidade de milímetros das chuvas anuais. É preferível ter uma lavoura que recebe 1.500 milímetros de água bem distribuídos do que uma que recebe 2.000 mm que caem de uma vez. Na Região Nordeste chove aproximadamente a mesma quantidade do que em São Paulo e no Rio de Janeiro. Mas a água cai de uma vez, em uma distribuição irregular — exemplifica.
Para a correta tomada de decisão, o produtor deve acessar dados climáticos regionais, que podem ser levantados em órgãos de clima, e cruzar a informação com a capacidade agronômica do solo de absorver a chuva. Fazendo essa combinação, o agricultor terá o cálculo exato da deficiência hídrica do solo e poderá calcular a irrigação.
Outras informações sobre o assunto podem ser encontradas no site Pedologia Fácil, cujo conteúdo é desenvolvido pelo dr. Hélio do Prado. O endereço é www.pedologiafacil.com.br.